Argentina: conservadores saem às ruas contra aprovação do aborto

Apesar do clima favorável à aprovação do tema, setores mais conservadores da sociedade argentina aumentaram a pressão nas últimas semanas

02/08/2018 19:16

A Argentina vive a expectativa em torno da legalização do aborto, que está a um passo de ser concretizada. No dia 8 de agosto, o Senado discutirá o projeto de interrupção voluntária da gravidez aprovado pela Câmara em junho.

Se confirmada a maioria dos votos, o país abrirá caminho para uma lei de aborto legal com prazos – a exemplo do vizinho Uruguai. Apesar do clima favorável à aprovação do tema, setores mais conservadores da sociedade argentina aumentaram a pressão nas últimas semanas.

A votação, que confere a 72 senadores, hoje apresenta ligeira vantagem à reprovação da proposta e coloca na mão de cinco parlamentares indecisos o peso da decisão.

Diante disso, a estratégia adotada por parte dos defensores do aborto legal propõem algumas mudança no texto inicial: inclusão da objeção de consciência institucional e redução do prazo de 14 para 12 semanas para o aborto livre. Apesar disso, há uma significativa resistência a qualquer modificação.

Igreja mobiliza fiéis em campanha contra o aborto 

Se no dia da votação na Câmara, o número de pessoas contrárias à decisão era muito menor que aqueles que apoiavam a legalização, às vésperas da votação no Senado não se pode dizer o mesmo. Liderados pela Igreja Católica, os conservadores intensificaram a mobilização contra o projeto e saíram às ruas afim de evitar uma nova derrota.

Liderados pela igreja católica, milhares de argentinos saíram às ruas da capital Buenos Aires nas últimas semanas
Liderados pela igreja católica, milhares de argentinos saíram às ruas da capital Buenos Aires nas últimas semanas

Na próxima segunda-feira, 6, A Unidad Provida, uma coalizão de organizações contrárias ao aborto, convocou uma manifestação em frente à residência presidencial em Olivos, cidade próxima a Buenos Aires. “As organizações que defendem os direitos das mulheres e crianças nascidas e por nascer se concentrarão nesta tarde, a partir das 19 horas, diante da residência presidencial em Olivos, e pedirão ao presidente que se abstenha de intervir, por meio de seus ministros, no debate aberto sobre o aborto”, diz o texto que convoca a manifestação.

Em um comunicado, divulgado no último dia 25, a Conferência Episcopal Argentina convocou os seguidores a saírem às ruas para manifestar sua rejeição ao projeto de lei. “Como já dissemos em outras ocasiões, apoiamos e incentivamos aqueles que desejem se manifestar publicamente como cidadãos responsáveis para testemunhar o respeito à vida”.

No dia 8 de agosto, data da votação, os bispos convocaram uma “missa pela vida”, na catedral localizada na praça de Mayo, no centro da capital portenha.

Na última quarta-feira, 1, os bispos convocaram uma “missa pela vida” no dia da votação, que acontecerá na catedral, localizada na praça de Mayo; enquanto os defensores do aborto legal farão uma vigília em frente ao Congresso no mesmo dia.

Imprensa reforça ofensiva antiaborto 

Com uma das maiores tiragens do país, o jornal La Nación divulgou um editorial rejeitando reforçando a ofensiva antiborto – inclusive a interrupção da gravidez em casos de estupro, recurso legal desde 1921. “Não é um aborto o que pode apagar as tristes marcas de uma violação, apenas suprimirá o ser em gestação e adicionará o sofrimento de ter abortado”./Com informações do El País.