Assalto em Araçatuba: As últimas notícias sobre o crime
Grupo de criminosos fortemente armados assaltou agências bancárias e levou pânico a moradores
A cidade de Araçatuba, localizada a 500 quilômetros a oeste de São Paulo, viveu momentos de terror no início da madrugada de segunda-feira, 30 de agosto, quando cerca de vinte criminosos encapuzados realizaram um assalto a três agências bancárias na cidade. Diversos moradores foram feitos de reféns e a ação deixou três mortos, sendo dois moradores e um criminoso, além de cinco pessoas feridas.
Como aconteceu o ataque dos bandidos em Araçatuba
O ataque – que durou cerca de duas horas – aconteceu no centro da cidade, ao redor da Praça Rui Barbosa, onde estão localizadas várias agências bancárias.
Duas agências bancárias foram assaltadas e uma foi apenas danificada. Em uma delas, que funciona como uma tesouraria regional, os criminosos tiveram acesso ao cofre subterrâneo e, na segunda, os caixas eletrônicos foram alvo dos bandidos. O valor roubado não foi divulgado.
O grupo chegou até o local em dez veículos e, para monitorar os policiais, usaram drones. Eles também fecharam ruas e rodovias de acesso à cidade com barricadas e carros queimados para impedir a chegada da polícia.
Enquanto parte dos bandidos fez o assalto aos bancos, outra parte cercou as bases da Polícia Militar (sede do Baep e CPI). De acordo com a PM, dois confrontos com tiros aconteceram: um no Baep e outro no centro de Araçatuba.
Os criminosos ainda espalharam explosivos com sensores de movimento em vários pontos da cidade e fizeram reféns que vivenciaram momentos desesperadores.
Reféns relatam pânico
Durante a fuga, a quadrilha abordou pedestres e motoristas e os usou como escudos humanos para impedir que policiais disparassem contra eles. Alguns moradores foram amarrados aos tetos e capôs dos carros do grupo. Um deles relatou momentos de pânico.
O refém, que não teve a identidade revelada por motivos de segurança, contou que estava indo buscar um passageiro perto da rodoviária, quando se deparou com os criminosos.
“Estava a trabalho e eles já estavam com as ruas fechadas. Me abordaram, mandaram eu sair do carro, tiraram minha camisa e jogaram meu boné para o chão”, afirmou o homem em entrevista ao G1.
O morador de Araçatuba relatou que os criminosos ligaram para a polícia, mas quando a ligação era completada, eles desligavam para confundir os agentes.
Outra pessoa que também ficou sob domínio dos bandidos afirmou que foi abordada ao voltar de uma festa e que, ao se deparar com o grupo fortemente armado (eles portavam fuzis e ainda usavam coletes à prova de balas e capacetes), achou que se tratava de uma fiscalização da polícia.
Mortos e feridos
A ação resultou em três mortes (dois moradores e um integrante da quadrilha). Uma das vítimas fatais foi o empresário Renato Bortolucci, de 38 anos. Ele era dono de um posto de gasolina e filmava a ação dos bandidos quando foi atingido por um tiro.
Antes de morrer, ele enviou um áudio por WhatsApp a um grupo de amigos: “Nossa, fui atingido, mano. Nossa senhora, meu Deus! Ai”, disse o empresário em suas últimas palavras.
A polícia ainda não sabe se Renato foi surpreendido por um dos criminosos ou foi atingido por uma bala perdida. A suspeita é de que Renato tenha recebido um tiro de fuzil na cabeça enquanto gravava a ação.
O personal trainer Márcio Victor Possa da Silva, de 34 anos, também teve sua vida ceifada durante a ação criminosa em Araçatuba. Ele foi amarrado ao capô de um dos carros usados e foi reconhecido pelo pai, Genival José da Silva, através das imagens gravadas por moradores de prédios da cidade.
“Pela imagem que vi, ele está no primeiro carro. Tem um em cima, e ele está embaixo, no capô. Quando os bandidos foram saindo para ir embora, ele foi como escudo humano. Acredito que ele caiu, não aguentou segurar, ou viu a oportunidade e tentou fugir, mas foi baleado por dez tiros”, disse ao G1.
De acordo com a Polícia Militar, o terceiro morto durante o assalto foi o criminoso identificado como Jorge Carlos de Melo, de 39 anos, que carregava o documento de identidade na cueca. Seu corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Araçatuba.
Além das três vítimas fatais, o assalto dos bandidos na cidade ainda resultou em cinco feridos, entre eles, um ciclista em estado gravíssimo que foi atingido por um explosivo.
O jovem de 25 anos que teve os dois pés amputados após se aproximar de um dos artefatos deixados pelos criminosos, acreditava que o objeto fosse um celular e, por isso, também acabou ferindo as mãos.
De acordo com a Santa Casa, a vítima foi socorrida e encaminhada para a unidade após a explosão. O jovem passou por cirurgia para correção das áreas atingidas pela amputação dos pés. Não houve necessidade de amputação dos dedos das mãos, que sofreram cortes profundos.
Explosivos espalhados pela cidade
Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) localizaram ao menos 98 explosivos deixados pela quadrilha. Os artefatos foram localizados em ruas, em carros abandonados entre as cidades de Gabriel Monteiro e Bilac, no Banco do Brasil e também em um caminhão deixado pelo grupo perto das agências bancárias atacadas.
Após mais de 30 horas de trabalho, cerca de 100 quilos de artefatos explosivos foram desarmados e detonados em um aterro sanitário do bairro Água Branca.
Ruas e avenidas que estavam isoladas foram liberadas na terça-feira (31/08) e alguns comerciantes conseguiram reabrir as portas.
Devido à quantidade de explosivos, a Polícia Federal informou que não descarta a possibilidade de enquadrar o ataque à cidade como terrorismo baseado na lei nº 13.260/16, a chamada lei antiterrorismo.
A legislação diz que atos de terrorismo consistem em “usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa”.
A polícia ainda está considerando o fato de a vida da população ter sido colocada em risco devido aos explosivos que foram espalhados pela cidade.
Carros adaptados para armamentos de guerra
Sete carros usados pela quadrilha foram apreendidos por policiais militares e civis em uma mata que fica entre os municípios de Bilac e Gabriel Monteiro (SP).
Entre os carros utilizados estão veículos de luxo das marcas Mitsubishi e Porsche com valores entre R$ 130 mil e R$ 549 mil. Um deles teve o vidro do passageiro adaptado para tiros de armas de calibre .50, armamento capaz de derrubar helicópteros que é restrito das Forças Armadas.
De acordo com a polícia, a arma de calibre.50 – que é uma arma de guerra – possivelmente foi fixada em um tripé com o cano colocado para o lado de fora através do buraco que foi feito no vidro do veículo. Desta forma, os bandidos conseguiram atirar de dentro do carro blindado. Foram encontradas munições de .50, .762. e .556.
Ainda segundo a polícia, dos veículos encontrados, três foram roubados de moradores durante a fuga. Um ônibus abandonado com tambores de gasolina também foi encontrado. A suspeita é de que o combustível tenha sido usado para atear fogos em veículos na Rodovia Marechal Rondon.
Bandidos presos
Até o momento (01/09) cinco pessoas foram presas suspeitas de participação no crime. Em Araçatuba, um casal está detido na delegacia da Polícia Federal suspeito de atuar como olheiro durante a ação da quadrilha.
Em Piracicaba (SP), dois homens com ferimentos provocados por arma de fogo estão internados na Santa Casa. Um deles foi atingido no abdome e está inconsciente e o outro foi baleado no braço e está consciente.
O terceiro homem foi detido em Campinas por policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) e em seguida, encaminhado à sede da Polícia Federal de Araçatuba.