Avon demite funcionária que mantinha idosa em situação análoga à escravidão
Empresa de cosméticos disse que prestará acolhimento à vítima
Na última sexta-feira, 26, a Avon demitiu a executiva Mariah Corazza Üstündag, 29, indiciada por manter uma mulher de 61 anos em condição análoga à escravidão, em sua casa no bairro Alto Pinheiros, região nobre da zona oeste da capital paulista.
A marca de cosméticos divulgou nota em seu perfil oficial nas redes sociais, dizendo que “com grande pesar, tomou conhecimento das denúncias de violações dos direitos humanos por um de seus colaboradores”.
“Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia e a Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima”, dizia comunicado.
A idosa era doméstica da família e foi resgatada da residência após denúncias de vizinhos. A patroa e o marido foram indiciados por redução a condição análoga à de escravo, abandono de incapaz e omissão de socorro.
A gerente de marketing da área de fragrância da empresa foi presa em flagrante, mas foi solta após pagar fiança de R$ 2.100. Seu marido, Dora Üstündag, 36, também foi indiciado pela Polícia Civil.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o advogado da família afirmou que eles não vão se manifestar sobre o que aconteceu.
HUMILHAÇÃO
Segundo o Ministério Público do Trabalho, a idosa estava “sendo vítima de agressão, maus tratos, constrangimento, tortura psíquica, violência patrimonial e exploração do trabalho por seus empregadores”.
A mulher trabalhava como doméstica para a família desde 1998, mas desde 2011 não recebia salários, não tinha férias e 13°.
Ao chegarem na residência, os policiais e integrantes do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, encontraram a mulher dormindo em um sofá velho, numa espécie de depósito.
Ainda de acordo com o MPT, vizinhos do imóvel disseram em depoimento que a idosa trabalhava para os moradores “praticamente em troca da moradia, que por várias ocasiões a ajudavam com alimentos e itens de higiene e relataram episódios de discussão e de omissão de socorro”.