Bilhete salva mulher que era espancada pelo marido no ES

As agressões começaram após a mulher repreender o companheiro queria urinar na rua

24/09/2020 15:51

Uma mulher foi salva pela Polícia Militar após escrever um bilhete pedindo socorro. Ela estava sendo espancada e mantida em cárcere privado pelo marido, que foi preso. O caso ocorreu na terça-feira, 22, em Colatina (ES). As informações são do G1.

A vítima contou que as agressões começaram quando o companheiro queria urinar na rua e foi repreendido por ela. A informação consta no boletim de ocorrência.

Bilhete salva mulher que era espancada pelo marido em Colatina (ES)
Bilhete salva mulher que era espancada pelo marido em Colatina (ES) - Reprodução/TV Gazeta

“A gente tinha ido ver o jogo do Flamengo e quando a gente estava voltando para casa, ele foi fazer xixi na rua. Eu chamei atenção dele e ele não gostou. Quando chegou em casa, ele começou a me agredir. Ele me deu muitos chutes na costela, bateu a minha cabeça no chão”, contou a mulher ao G1, que não teve o nome revelado por segurança.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, as agressões continuaram na frente dos filhos do casal, uma criança de nove anos e outra de cinco. “Teve uma hora que ele ameaçou bater no filho de nove anos. Ela entrou na frente pra defender, mas tomou um soco no olho”, conta o PM que atendeu a ocorrência.

 O bilhete com pedido de ajuda escrito pela mulher que foi espancada pelo marido
 O bilhete com pedido de ajuda escrito pela mulher que foi espancada pelo marido - Reprodução/TV Gazeta

O homem, de 25 anos, foi preso em flagrante por lesão corporal, cárcere privado e posse ilegal de arma de fogo. O rapaz foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Colatina.

Como denunciar violência doméstica

Os casos de violência doméstica que viram processos no Poder Judiciário começam em diferentes canais do sistema de justiça, como delegacias de polícia (comuns e voltadas à defesa da mulher), disque-denúncia, promotorias e defensorias públicas.

É ou conhece alguém que sofre qualquer tipo de violência? Saiba onde e como denunciar:

Disque 180

O Disque-Denúncia foi criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM). A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central são encaminhados ao Ministério Público.

Disque 100
O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante. O Disque 100 funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), bastando discar 100.

Polícia Militar (190)

A vítima ou a testemunha pode procurar uma delegacia comum, onde deve ter prioridade no atendimento ou mesmo pedir ajuda por meio do telefone 190. Nesse caso, vai uma viatura da Polícia Militar até o local. Havendo flagrante da ameaça ou agressão, o homem é levado à delegacia, registra-se a ocorrência, ouve-se a vítima e as testemunhas. Na audiência de custódia, o juiz decide se ele ficará preso ou será posto em liberdade.

Atenção ao protocolo policial! O atendimento presencial de um chamado depende de muitos fatores, como a disponibilidade de uma viatura no momento e uma avaliação da gravidade da situação. A ameaça à vida e à integridade física de alguém são sempre prioridade em relação a outros chamados, por isso, é importante explicar exatamente o que está ocorrendo quando solicitar o atendimento ao 190. Fale se já ouviu outras discussões antes e ligue mais vezes caso a viatura demore a aparecer.

Defensoria Pública

A Defensoria Pública é uma instituição que presta assistência jurídica gratuita às pessoas que não podem pagar um advogado. Qualquer pessoa que receba até três salários mínimos por mês (cerca de R$ 2.862) ou possa comprovar que, mesmo recebendo mais, não tem condições de pagar um advogado particular, tem direito de ser atendido. Pode procurar esse serviço quem está sendo processado e precisa se defender, quem quer propor uma ação nova para garantir seus direitos (como por exemplo, uma ação pedindo a guarda dos filhos ou uma ação criminal contra algum agressor) ou apenas quem busca uma orientação jurídica.

No caso de violência doméstica, a Defensoria Pública pode auxiliar a vítima pedindo uma medida protetiva a um juiz ou juíza. Essa medida de urgência inclui o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima; a fixação de limite mínimo de distância de que o agressor fica proibido de ultrapassar em relação à vítima; a proibição de o agressor entrar em contato com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio; a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, se for o caso; a restrição ou suspensão de visitas do agressor aos filhos menores; entre outras, como pedidos de divórcio, pensão alimentícia e encaminhamento psicossocial.

Delegacia da Mulher

Um levantamento feito pelo portal Gênero e Número, mostra que existem apenas 21 delegacias especializadas no atendimento às mulheres com funcionamento 24 horas em todo o país. Dessas, só São Paulo e Rio de Janeiro possuem delegacias fora das capitais.