Bolsonaro anuncia demissão de Ricardo Vélez, ministro da Educação
Novo chefe do MEC será Abraham Weintraub, indicado por Onyx Lorenzoni
Jair Bolsonaro anunciou na manhã desta segunda-feira, 8, a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. O novo chefe da pasta, que conta com o segundo maior orçamento da União, será Abraham Weintraub, de acordo com tuíte publicado pelo perfil do presidente.
Vélez, apoiador do movimento Escola Sem Partido e indicado pelo guru do governo, Olavo de Carvalho, enfrentava uma crise desde a posse, há cem dias, com disputa interna entre grupos adversários, recuos e cerca de 20 exonerações.
A militarização e o combate ao analfabetismo e ao marxismo cultural eram as suas prioridades para a gestão.
- Após levar bomba da polícia, bolsonarista diz que ‘comunismo já entrou no Brasil’
- Veja como foi o debate do 2º turno entre Lula e Bolsonaro na Globo
- A merda que vai continuar na Cultura se Bolsonaro for reeleito
- A merda que pode dar na democracia se Bolsonaro for reeleito
“Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados”, escreveu Bolsonaro na rede social.
Quem é o novo ministro
Indicado pelo chefe da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni (DEM), o economista Abraham Weintraub já fazia parte do gabinete de transição do governo desde novembro, e é o atual secretário-executivo da Casa Civil.
Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o nomo ministro é mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Executivo do mercado financeiro, atuou no grupo Votorantim e foi membro do comitê de Trading da BM&FBovespa. Em 2016, coordenou a apresentação de uma proposta alternativa de reforma da Previdência Social formulada pelos professores da Unifesp.
A crise no MEC
Em janeiro, um edital do Programa Nacional do Livro Didático retirou a restrição de publicidades e a isenção de erros nos livros. Também anulou a obrigatoriedade de retratar a diversidade étnica brasileira nos materiais didáticos. A decisão repercutiu mal e caça às bruxas se instaurou na busca pelos responsáveis pela decisão _ 10 pessoas foram exoneradas, incluindo o chefe de gabinete que assinou a medida, que foi suspensa pouco depois.
No mesmo mês, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro disse que “universidade não é para todos”, comentário que também provocou críticas de especialistas. Ele justificou a sua fala em um vídeo publicado em seu Twitter.
Em fevereiro, Vélez voltou às manchetes, quando pediu que os diretores da rede pública de ensino gravassem os alunos cantando o hino nacional e entoando o slogan da campanha de Jair Bolsonaro. Depois de questionamentos e muitas críticas, mais uma vez, o ministro recuou de uma decisão.
No começo de março, uma crise atingiu a equipe do ministério: Vélez provocou uma dança das cadeiras entre cargos e foi criticado por falta de gestão. Seis pessoas foram exoneradas em menos de três meses de governo, parte delas ligadas a Olavo de Carvalho.
Ainda no mesmo período, a educadora Iolene Lima foi anunciada como secretária-executiva, mas a escolha foi criticada pelo grupo de Olavo de Carvalho e pela bancada evangélica. Sua nomeação primeiro foi congelada e depois demitida – sem nunca ter assumido oficialmente o seu cargo.
Uma nova política de alfabetização foi proposta em março. Entre outras coisas, defendia o método fônico de alfabetização. A decisão foi muito criticada por secretários da Educação e outros profissionais da área e foi revogada no dia seguinte.
Pouco tempo depois, o Inep suspendeu a avaliação de qualidade dos alunos do 2º ano do ensino fundamental – que mede se as crianças estão aprendendo a ler e escrever na idade certa. A notícia caiu como uma bomba na imprensa e a Secretária de Educação Básica, Tania Leme de Almeida, pediu demissão. Na sequência, Marcus Vinicius Rodrigues, presidente do Inep, também pediu para sair do cargo.
Após as polêmicas do 31 de março, o ministro anunciou que pretendia fazer uma revisão nos livros didáticos que tratam 1964 como o ano do golpe que instaurou uma ditadura no Brasil, proposta criticada até mesmo por militares. Esta foi a última das polêmicas de Vélez como chefe da pasta.
Confira vídeo que analisa os motivos que levaram à queda de Vélez: