Bolsonaro apoiou grupo de extermínio que atuava na periferia
"Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo", disse o candidato
Colecionador de inúmeras falas polêmicas, o candidato à presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, já fez um um discurso no plenário da Câmara dos Deputados em que defende os crimes de extermínio.
A fala apaixonada, proferida em agosto 2003 e registrada nos anais da casa parlamentar, defendia um esquadrão da morte que vinha aterrorizando a Bahia e cobrava R$ 50 para matar jovens da periferia. Uma matéria publicada na Agência Sportligt de Jornalismo investigativo traz o discurso completo proferido pelo então deputado.
De acordo com a reportagem, a fala omitiu apenas que as mortes tratavam-se de um grande negócio travestido de combate ao crime.
- Jornalistas da Record são agredidos durante reportagem em Salvador
- PF desmente morte de idosa em ginásio com terroristas presos
- Lula reforça compromisso contra a fome e alfineta Bolsonaro em discurso
- Mãe de menino que teve rosto tatuado em desconhecido sofre ataque racista
“Quero dizer aos companheiros da Bahia — há pouco ouvi um Parlamentar criticar os grupos de extermínio — que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio, porque no meu Estado só as pessoas inocentes são dizimadas. Na Bahia, pelas informações que tenho — lógico que são grupos ilegais —, a marginalidade tem decrescido. Meus parabéns”!
- Para ter acesso ao discurso, acima, acesse: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/discursos-e-notas-taquigraficas
A reportagem revela que no ano de 2000, foram 146 registros de mortos em ação de grupos de extermínio só em Salvador. Jovens negros e favelados e sem passagem pela polícia era a maioria absoluta. No ano seguinte, o número subiu drasticamente, indo para 321 assassinados por esses esquadrões da morte. Esse números são da Comissão de Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa da Estado da Bahia.
Os números, segundo a Agência Sportligt, são da “Comissão de Direitos Humanos” da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba) daquele mesmo ano do discurso de Bolsonaro.
Um estudo feito advogado Bruno Teixeira Bahia, para mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia (UFBA), esses assassinatos – tidos como política de segurança por Bolsonaro – eram antecedidos por tortura. Os corpos das vítimas tinham hematomas e muitas tinha unhas e dentes arrancados.
Ainda de acordo com o estudo, muitos dos crimes eram praticados por policiais e ex-policiais civis e militares.
As investigações e inquéritos judiciais, confirmou que o extermínio organizado foi um grande comércio, pois em cidades do interior baiano, como Juazeiro, as mortes eram encomendadas muitas vezes por comerciantes, que pagavam entre R$ 50 e R$ 100 pelos assassinatos.
Leia a reportagem completa na Agência Sportlight.
Acompanhe outros conteúdos ligados às eleições deste ano nesta página especial.