Bolsonaro diz que mortes na ditadura foram culpa do comunismo
Ex-presidentes da OAB protocolaram uma ação para pedir explicações ao chefe do Executivo sobre o desaparecimento do militante Fernando Santa Cruz
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira, 2, que vai responder a uma ação protocolada por ex-presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pede esclarecimentos sobre suas declarações a respeito do desaparecimento do militante político Fernando Santa Cruz, pai do atual líder da instituição, Felipe Santa Cruz, durante a ditadura militar.
O chefe do Executivo lamentou todas as mortes que tiveram “dos dois lados”, mas ressaltou que nenhuma teria ocorrido se “não tivesse aquela vontade de implantar o comunismo no Brasil” — suposta ameaça usada como justificativa do golpe militar de 1964. Em sua opinião, as pessoas deveriam ter “aceitado a normalidade que acontecia”.
Bolsonaro explicou que irá apenas enviar as declarações que já fez sobre o assunto e que motivaram críticas até de aliados do governo. “Mesmo eu não sendo obrigado, eu presto [as explicações]. Não falei nada demais. Vou entregar o vídeo, vou fazer a degravação e mandar.”
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Na última segunda-feira, 29, o presidente da República declarou que, se o presidente da OAB quisesse, poderia contar a ele como seu pai desapareceu durante a ditadura. No mesmo dia, disse que o Fernando foi morto por colegas da organização da qual fazia parte.
A versão apresentada, no entanto, não condiz com documentos da época e nem com o resultado da investigação da Comissão Nacional da Verdade, segundo os quais ele foi assassinado pelo Estado.
“Eu não tenho essa obrigação (de responder o STF). Agora, é só transcrever o que eu falei para vocês. O que eu falei de mais para vocês? Me responda. O que eu tive conhecimento na época. Eu ofendi o pai dele? Não ofendi o pai dele. O que eu tive conhecimento na época, o assunto foi esse”, reiterou Bolsonaro.
A ação no STF foi apresentada na quarta-feira, 31, pela OAB. O relator no STF, ministro Luís Roberto Barroso, deu um prazo de 15 dias para que Bolsonaro, caso queira, responda aos questionamentos.