Bolsonaro impediu Pazuello de demitir suspeito de pedir propina
Segundo fontes do Planalto e do Ministério da Saúde, Davi Alcolumbre intermediou em favor de Roberto Dias
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pediu a demissão de Roberto Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, em outubro do ano passado enquanto ocupava a pasta. Porém, o presidente Jair Bolsonaro teria barrado a exoneração dele por pressão política. A informação foi inicialmente divulgada pela rádio CBN e confirmada pelo jornal Folha de S. Paulo.
O despacho de demissão chegou a ser enviado para a Casa Civil, mas foi retido após conversas do então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com Bolsonaro. Segundo fontes do Planalto e do Ministério da Saúde, Alcolumbre intermediou em favor de Dias.
Outros dois funcionários subordinados a Dias foram desligados após pedido de demissão feito pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.
Roberto Dias só foi exonerado nesta terça-feira, 29, após denúncia de pedido de propina. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Dias pediu propina de US$ 1 a mais por dose para liberar a compra de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19.
Esquema de corrupção
Outro nome ligado ao esquema de propina pela compra de vacinas é o de Ricardo Barros(PP-PR), líder do governo na Câmara. Assim como Dias, ele também deverá ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) COVID, instalada pelo Senado.
Barros teria se encontrado presencialmente com o presidente Jair Bolsonaro ao menos dez vezes desde 20 de março, data em que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) diz ter apresentado ao presidente a denúncia sobre a compra da vacina Covaxin.
O líder do governo na Câmara, no entanto, nega ter tratado do assunto vacina com o presidente nessas ocasiões em que se viram. De acordo com o Congresso em Foco, os encontros foram registrados na agenda oficial de Bolsonaro e em fotos nas redes sociais do deputado.