Bolsonaro radicaliza discurso na Paulista e ameaça ministros do STF

Presidente também fez ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, voltou a falar do voto impresso e disse que só deixará o poder se for morto

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) radicalizou seu discurso na Avenida Paulista, na tarde desta terça-feira, 7 de setembro, e falou diretamente a seus eleitores que, atualmente, representariam pouco menos de 25% da população brasileira, de acordo com pesquisas de intenção de votos para 2022.

Bolsonaro fez ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial a Alexandre de Moraes, colocou em cheque todas as esferas de poder, atacou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, fez menção ao projeto do voto impresso, já arquivado pela Câmara dos Deputados, e cometeu diversas irregularidades, principalmente ao dizer que só sairia do poder se fosse morto.

Bolsonaro radicaliza discurso na Av. Paulista
Créditos: Marcos Corrêa / PR /divulgação
Bolsonaro radicaliza discurso na Av. Paulista

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Ameaças a Alexandre de Moraes

Contra Alexandre de Moraes, Bolsonaro afirmou que não irá mais obedecer ou respeitar suas ordens, o que, democraticamente falando, se feito, seria um crime.

“Ou esse ministro [Alexandre de Moraes] se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos”, discursou o presidente, que pediu pela saída do ministro.

“Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o povo. Mais do que isso, nós devemos, sim, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, completou.

Ataques ao TSE e e ameaças às eleições de 2022

O presidente também comentou a respeito do voto impresso, cuja proposta já foi derrubada pela Câmara dos Deputados.

“A paciência do nosso povo já se esgotou Nós acreditamos e queremos a democracia. A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não fornece qualquer segurança”, afirmou Bolsonaro, colocando em voga a credibilidade da urna eletrônica sem nunca ter apresentado qualquer prova.

“Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos. Não podemos ter eleições onde pairem dúvidas sobre os eleitores. Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral [Luís Roberto Barroso].”

“Só sairei do poder morto”

O presidente também disse que não teme ir para a prisão em razão de qualquer investigação. “Quero dizer aos canalhas: nunca serei preso”, afirmou. Ele também fez referências à possibilidade de o TSE torná-lo inelegível, desafiou qualquer um a tirá-lo do cargo e repetiu uma frase que já havia dito anteriormente, de que só deixaria a presidência “preso, morto ou com a vitória”.

Culpou governadores e prefeitos pela pandemia

O presidente também criticou governadores e prefeitos por causa das medidas adotadas durante a pandemia — Bolsonaro sempre foi contra as políticas de isolamento social.

“Vocês passaram momentos difíceis com o vírus, mas pior do que a pandemia foram as ações de alguns governadores e prefeitos, que ignoraram a nossa Constituição. Proibiram vocês de trabalhar e frequentar templos e igrejas para sua oração. A indignação de vocês foi crescendo”.