A última do Bolsonaro é que ele quer que você tome banho frio e pare de usar elevador
Essa é a solução do presidente para a crise energética que ele mesmo criou
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) encontrou uma solução bastante bizarra para solucionar a crise energética que ele mesmo criou: A ideia é que você tome banho quente e pare de usar elevador.
Exatamente! Nesta quinta-feira, 23, durante sua live semanal nas redes sociais, Bolsonaro colocou no colo da população a solução para o risco eminente de apagão vivido no país. Ele enfatizou que se não chover o país poderá ter “problemas” no futuro e sugeriu que além de “apagar uma luz em casa”, as pessoas deixem de usar o elevador.
“Aqui (no Palácio da Alvorada) são três andares. Quando tem que descer, mesmo que o elevador esteja aberto na minha frente, eu desço pela escada. Se puder fazer a mesma coisa no seu prédio… Ajude a gente. Quanto menos mexer no elevador, mais economia de energia nós temos”, disse Bolsonaro durante a live.
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Bolsonaro ainda pediu para que se tome banho frio.
“Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil”, acrescentou. “Até faço um pedido para você agora: tem uma luz acesa a mais na sua casa? Por favor, apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na sua casa, apague. Se puder desligar seu ar-condicionado, se não puder… Está com 20ºC, passa para 24ºC, gasta menos energia”.
A verdade sobre a crise hídrica e energética no Brasil, que Bolsonaro teima em esconder
O professor Ildo Sauer, pesquisador do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da Petrobrás, afirmou, durante palestra em seminário sobre a crise energética, realizado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, no início deste mês que “a crise energética atual não tem nada a ver com falta de recursos energéticos”. “Ela é resultado da mudança do modelo, do desmonte do sistema elétrico brasileiro e da falta de planejamento que se seguiram nas últimas duas décadas e meia e que se mantém até hoje”, observou.
“Durante todos esses anos, desde pelo menos 2012”, diz o professor Ildo Sauer, “foram gastos mais de R$ 150 bilhões em contratação de termoelétricas, tendo-se repassado os seus altos preços para os consumidores”. “Agora que a crise hídrica está de volta”, acrescenta o professor, “o governo Bolsonaro continua sem planejar nada para o setor e, na iminência de um novo apagão, vai exigir da população cortes no uso de energia e ainda vai gastar mais uns R$ 30 bilhões com a queima de combustíveis das termoelétricas. De novo, quem vai pagar a conta são os brasileiros”, denunciou. “Com esses recursos podíamos ter construído usinas eólicas capazes de produzir o dobro da energia que é produzida hoje no país”, afirmou.
“São as decisões erradas e não a natureza que estão provocando a crise do setor elétrico e a necessidade de racionamento. A crise não tem nada a ver com a falta de recursos energéticos. O país tem recursos energéticos de sobra”, diz o professor Ildo Sauer. “É necessário uma solução institucional, uma mudança no modelo energético do país. Gastou-se esses R$ 150 bilhões entre 2012 até 2020 e não se resolveu o problema. Com esses recursos podíamos construir usinas eólicas que estariam em funcionamento a um custo muito menor”, afirmou o professor do IEE-USP. Ele terminou sua explanação reafirmando o otimismo com a capacidade do Brasil de superar esses problemas. “Com os recursos energéticos que temos e com a capacidade tecnológica dos brasileiros, eu tenho certeza que saberemos superar as nossas dificuldades”, completou o professor Ildo Sauer.