A gordura na barriga aumenta o risco de demência?

A gordura abdominal e nos braços pode impactar diretamente a saúde do cérebro, aumentando as chances de declínio cognitivo

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
18/03/2025 16:32

Um recente estudo trouxe à tona uma descoberta preocupante: a distribuição da gordura corporal pode influenciar diretamente o risco de desenvolvimento de demência. Publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, a pesquisa analisou como o acúmulo de gordura na região abdominal e nos braços pode estar relacionado ao declínio cognitivo em adultos mais velhos.

A gordura na barriga aumenta o risco de demência?
A gordura na barriga aumenta o risco de demência? - iStock/Nastco

O impacto da gordura visceral no cérebro

Um dos achados mais relevantes do estudo foi a forte associação entre a gordura visceral — aquela que se acumula ao redor dos órgãos internos do abdômen — e um maior risco de demência. Essa gordura é considerada uma das mais perigosas para a saúde, pois contribui para inflamações crônicas e libera substâncias que podem comprometer o funcionamento cerebral.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que a gordura visceral está ligada a doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Agora, essa nova pesquisa reforça que o impacto negativo da gordura abdominal também se estende à cognição, aumentando significativamente as chances de desenvolver doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

O acúmulo de gordura visceral pode estar diretamente ligado ao declínio cognitivo e ao aumento do risco de demência.
O acúmulo de gordura visceral pode estar diretamente ligado ao declínio cognitivo e ao aumento do risco de demência. - iStock/undefined undefined

Gordura nos braços e seu papel inesperado

Embora a ciência tenha explorado extensivamente os riscos da gordura abdominal, o estudo trouxe uma nova perspectiva ao indicar que o acúmulo de gordura nos braços também pode estar relacionado ao aumento do risco de demência.

Essa relação pode estar ligada a alterações metabólicas e hormonais, que, por sua vez, afetam a saúde cerebral. Os pesquisadores sugerem que a presença de gordura excessiva nessa região pode ser um indicador de disfunção metabólica, fator que pode influenciar no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas ao longo da vida.

A conexão entre inflamação e demência

Os mecanismos que ligam o excesso de gordura à demência envolvem, principalmente, processos inflamatórios no organismo. A gordura visceral é conhecida por liberar citocinas inflamatórias, que podem prejudicar os neurônios e facilitar o desenvolvimento de placas beta-amiloides no cérebro. Essas placas são um dos principais marcadores do Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas.

Esse processo inflamatório também pode interferir na comunicação entre as células cerebrais, reduzindo a capacidade cognitiva e acelerando o declínio mental com o passar dos anos.

Manter hábitos saudáveis é fundamental para reduzir a gordura corporal e proteger a saúde cerebral a longo prazo.
Manter hábitos saudáveis é fundamental para reduzir a gordura corporal e proteger a saúde cerebral a longo prazo. - iStock/Staras

Medidas preventivas para proteger a saúde cognitiva

Diante dessas descobertas, os especialistas alertam para a importância de adotar hábitos saudáveis para evitar o acúmulo de gordura corporal em regiões críticas. Manter uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes e com baixo teor de gorduras saturadas, é fundamental para prevenir doenças futuras.

A prática regular de exercícios físicos também desempenha um papel essencial, ajudando a reduzir a gordura visceral e promovendo uma melhor circulação sanguínea para o cérebro. Controlar o peso e monitorar os níveis de gordura corporal podem ser estratégias eficazes para minimizar os riscos de demência e garantir uma vida mais longa e saudável.