Bombeiro que atirou em atendente do McDonald’s nega disparo intencional

Flagrado pelas câmeras de segurança, o bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque disse, em depoimento a polícia, que o disparo foi acidental

10/05/2022 09:18

O bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque, que foi flagrado por câmeras de segurança agredindo e atirando no atendente do McDonald’s Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, disse, em depoimento a polícia que o disparo não foi intencional. O caso aconteceu em uma unidade da lanchonete na Estrada dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Homem que atirou em atendente do McDonald’s nega disparo intencional
Homem que atirou em atendente do McDonald’s nega disparo intencional - Reprodução

O homem se apresentou na 32ª DP (Taquara), para prestar depoimento no inquérito que responde por tentativa de homicídio, na tarde desta segunda-feira, 9.

O Corpo de Bombeiros também abriu investigação para apurar a conduta do militar. Ele teve o porte e a posse de armas suspensos pelo comandante-geral da corporação, coronel Leandro Monteiro.

“O militar responderá civilmente pelos seus atos na justiça comum e, paralelamente, o comandante-geral da corporação, coronel Leandro Monteiro, determinou a suspensão imediata do porte e posse de armas do militar além da instauração de um inquérito policial militar para apurar a conduta do profissional e a abertura de um conselho disciplinar. O CBMERJ acompanha a operação e está à disposição para colaborar com as investigações. A corporação repudia veementemente todo e qualquer ato criminoso, assim como condutas ilícitas que transgridam os preceitos da ordem, da disciplina e da moral características da profissão de bombeiro militar”, afirma a nota emitida pelo Corpo de Bombeiros.

Nas imagens das câmeras de segurança, o bombeiro aparece saindo do carro, um Mercedes Benz, e iniciando a discussão com o atendente. Do lado de fora do Mcdonald ‘s, Paulo dá um soco no atendente, que estava dentro da cabine de drive thru.

Em seguida, o bombeiro se dirige para a área interna do McDonald’s acompanhado de pelo menos um homem, vai até a cozinha e segue em direção a Mateus. Ele saca uma pistola da cintura e atira no jovem, que cai no chão.

Funcionários parecem se assustar com o barulho do tiro e saem correndo pela loja. Paulo César sai tranquilamente da loja enquanto o atendente esta estirado no chão.

Segundo testemunhas, o motivo para a exaltação do bombeiro teria sido a negativa dada por Mateus para o uso de cupons de desconto. Paulo César teria informado no final da compra que gostaria de utilizar os cupons e o jovem teria respondido que somente era possível, se ele tivesse informado ao iniciar o pedido.

A Justiça negou a prisão do bombeiro. Segundo decisão da Juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, a prisão temporária é “medida excepcionalíssima, devendo ser usada apenas quando houver elementos concretos de autoria”. A magistrada afirma que, ainda que Paulo César de Souza Albuquerque tenha sido identificado por fotos e vídeos de redes sociais, não restou devidamente esclarecido no inquérito a origem de “tais elementos probatórios e a forma como foram obtidos”.

“Assim sendo, embora as investigações apontem a autoria delitiva na direção do investigado, o reconhecimento fotográfico fragiliza os elementos necessários para a decretação de sua prisão temporária”, escreve a juíza, em seu despacho.

Matheus está internado no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, em estado grave.

O delegado do caso pediu a prisão do bombeiro por considerá-la imprescindível para o andamento do inquérito, visto que foram feitas buscas em possíveis endereços de Paulo César de Souza Albuquerque e que ele não foi encontrado. “Trata-se de crime hediondo praticado por agente do Estado que estava portando uma arma ilegal e que não se apresentou após o fato ou mesmo foi possível encontrá-lo em endereços cadastrados, sendo imprescindível a medida cautelar de exceção para o avanço das investigações”, escreve.

O promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro, Marcelo Bittencourt endossou o pedido do delegado afirmando que há “grave delito em apuração”, o “iminente risco de fuga do indivíduo” e o “clamor público na sociedade diante de sua divulgação na mídia fluminense”.