Bombril relança esponja ‘Krespinha’ e é acusada de racismo na web

Nome do produto é uma clara associação pejorativa ao cabelo comum entre negros

Na manhã desta quarta-feira, 17, a Bombril foi massacrada e acusada de racismo nas redes sociais, após relançar uma esponja de aço inox chamada ‘Krespinha’. Os internautas apontaram que o nome do produto é uma associação pejorativa ao cabelo comum entre negros.

A ‘Krespinha’ lançada em 1952 e agora, em 2020
Créditos: Reprodução
A ‘Krespinha’ lançada em 1952 e agora, em 2020

Não demorou muito para que a hashtag #BombrilRacista ocupasse um dos primeiros lugares de assuntos mais comentados do Twitter.

No site da marca, o produto é definido como “perfeita para a limpeza pesada”, sendo utilizada para a remoção de sujeiras e gorduras “de um jeito rápido e eficaz, sem esforço”. “A Esponja Inox Krespinha é perfeita para a limpeza pesada. Remove sujeiras e gorduras de um jeito rápido e eficaz, sem esforço. Resistente e não enferruja”, diz a descrição completa no site da Bombril.

A esponja foi lançada pela primeira vez em 1952, e na propaganda estampava a imagem de uma menina negra no logo, personificando a esponja na figura da garota e de seu cabelo. “No Rio, todos me conhecem. Sou Krespinha – a melhor esponja para a limpeza da cozinha. As paulistas também vão me querer bem”, dizia o anúncio antigo.

“Acabei de tirar esse print do site da @BombrilOficial e estou extremamente ofendida e chateada com isso, é inacreditável que em pleno século 21 ainda de encontre esse tipo de coisa”, disse um internauta. “Cara, imagina quem sofreu bullying a infância/adolescência inteira vendo um caralho desse virando marketing. Eu acreditei até meus 18 anos que preto tinha que raspar o cabelo, me libertei e já fiz uns 10 penteados de lá pra cá. Eu to puto, chateado”, desabafou outro sobre o racismo da Bombril.

Confira a repercussão abaixo:

Racismo: saiba como denunciar

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito neste link.