#VoltaMinnie: Texto de pai à procura de boneca perdida viraliza

26/02/2018 18:29

“Uma boneca de pano é só uma boneca de pano até que passa a ser mais que isso”, escreveu o jornalista e escritor carioca Marcelo Moutinho em um post criado para buscar a boneca perdida da filha. O que era para ser somente um desabafo de pai diante da angústia de assistir a tristeza de um filho, acabou viralizando e se tornando uma campanha nacional a favor da volta da boneca, com mais de 500 reações.

Como todo pai atento às necessidades afetivas dos pequenos, ele sabe que bonecas podem ser objetos transicionais fundamentais para estabelecer a segurança emocional das crianças.

A boneca estava com a pequena Lia há tempos, e se perdeu em uma viagem de Uber no Rio de Janeiro, na região de Botafogo. Após dar-se pela falta da boneca, o pai chegou a contatar o motorista e mobilizar os vizinhos e comerciantes dos arredores, mas sem sucesso.

Um presente da avó materna e apelidada pela menina de “Minnie Velha”, o brinquedo era quase parte da família, um xodó inseparável. Mais do que isso, Minnie era uma memória afetiva da presença da avó, que falecera. “Foi a Vovó Guida que me deu a Minnie Velha. A Vovó Guida mora lá no céu”, costuma repetir a Lia.

Uma boneca de pano é só uma boneca de pano até que passa a ser mais que isso. Lia ganhou a Minnie, presente da Vovó…

Posted by Marcelo Moutinho on Saturday, February 24, 2018

“A Minnie Velha era a parceira de pano e também um signo da presença da minha mãe. Ela, que partira tão de repente e de forma tão estúpida, se fazia lembrar ali, a acompanhar a neta pela vida afora, na quentura do dia a dia – como desejava e não pôde, infelizmente, realizar”, conta o pai.

No texto, Marcelo comenta sobre a simbologia de uma perda como essa para quem ainda está se desenvolvendo.

“A arte de perder não tem nenhum mistério”, escreveu Elizabeth Bishop no verso que estou há algumas horas tentando verter em sentido. Havia jurado a mim mesmo guardar a Minnie Velha até que Lia se tornasse adulta. Fracassei.Achei que as tantas perdas recentes, de todas as ordens, tivessem me dado casca, espécie de couraça. Porra nenhuma. Cada perda é uma perda, singular, incomparável. Não diz nada sobre as anteriores, não prepara nada para as que virão. Era só uma boneca de pano, tento pensar. Mas não.

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