Candidatas sem votos dizem que nem sabiam que estavam concorrendo
Brasil teve 24 candidatos sem nenhum voto; investigações apuram casos
No primeiro turno das eleições de 2018, o Brasil teve 24 candidatos sem nenhum voto. Desse total, 21 são mulheres. Os nomes de Renata Dama (PMB-RR), Wandna da Silva (PRP-RR) e Mariely Sena (PTC-AP), por exemplo, apareceram nas urnas, mas não tiveram nenhum voto.
De acordo com reportagem do G1, elas não sabiam que eram candidatas. “Fui enganada”, disse Renata Dama, de 37 anos, filiada ao PMB em Roraima. Ela descobriu que era candidata a deputada estadual por meio de uma amiga, que teria visto o nome dela na página do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
“Uma pessoa [do partido] veio até a mim perguntando se eu era filiada e eu disse que era, e essa pessoa me falou que precisava completar ‘X’ número do sexo feminino para completar a legenda […] Perguntei se eu iria concorrer, e me disseram que eu não ia concorrer, que eu só ia completar a inscrição” […] Não chegaram em mim dizendo: ‘Olha, você vai ser candidata”. Renata afirmou, ainda, que pediria a desfiliação do PMB.
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A presidente do PMB em Roraima, Sandra Santos, disse que todas sabiam que concorreriam ao cargo. Ela admitiu que o partido buscou mulheres filiadas para lançá-las candidatas, mas não somente para cumprir a cota feminina no partido. “Lamentavelmente, as nossas mulheres não foram tão bem votadas como nós esperávamos”, declarou.
Wandna da Silva, que entrou na eleição como Wandna do Santa Cecília, nega que tivesse lançado candidatura a deputada estadual, e diz que irá procurar a legenda para entender o que ocorreu. “Eu me filiei só ao partido. Eu não saí como candidata. Pra mim estava só como se eu tivesse filiada, por isso que votei em outra pessoa.” A reportagem não conseguiu contato com a sede estadual do partido.
Já Mariely Sena nega que tenha sido candidata a deputada estadual. Procurada, a direção do PTC no Amapá não se pronunciou.
O Amapá teve o maior número de candidatos sem votos: seis, seguido de Acre e Roraima, com cinco candidatos. Rondônia teve três. Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro registraram um candidato que não obteve votação.
Segundo Humberto Jacques, vice-procurador-geral eleitoral, já há investigações em andamento sobre possíveis candidaturas “laranja” nas eleições em Rondônia.
O procurador-regional eleitoral titular em Roraima, Rodrigo Mark Freitas, disse que o Ministério Público Eleitoral irá apurar esses e outros casos suspeitos.
O Partido Trabalhista Cristão (PTC), a Democracia Cristã (DC) e o Podemos lançaram o maior número de candidaturas femininas do tipo: quatro cada um.
Dos 24 candidatos que não receberam nenhum voto, 14 constam como suplentes no site do TSE. Isso significa que, na prática, podem assumir uma vaga caso os titulares desistam dos mandatos. O TSE confirmou que não há exigência de votação mínima para os cargos de suplente, sendo possível que tomem posse.
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