Candy Mel, da Banda Uó, relata transfobia em aeroporto no Rio
A identidade de gênero das pessoas não pode ser desrespeitada: veja um manual com dicas para não ser transfóbico
Pouco antes de embarcar para o último show da Banda Uó, em Brasília (DF), a vocalista do grupo, Candy Mel, relatou um caso de transfobia no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, neste domingo, 4. A cantora trans publicou vídeos no Stories, do Instagram, ao lado de Davi Sabbag e Mateus Carrilho para contar aos seguidores sobre a situação constrangedora que viveu.
“Eu estou detida aqui no aeroporto, porque dois caras queriam me revistar alegando que no meu documento constava [o nome] masculino. Eles me coagiram, me levaram para uma sala com dois caras para fazer a revista em mim e eu não aceitei. E eu estou aqui, correndo o risco de perder o show de Brasília”, relatou.
“Eles não vão tocar em mim, eu não vou cooperar. Eu estava jurando que era uma revista comum de bagagem e de repente eles trancaram a porta e pediram para eu tirar a roupa. Eu só não fui mais coagida porque porque o Mateus [Carrilho], o Davi [Sabbag] e a equipe inteira [da banda] estavam aqui”, continuou Candy.
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A artista conseguiu embarcar no avião e, após o voo, continuou o relato. “No final eu acabei sendo revistada, mas foi em público, eu queria que acontecesse na frente de todo mundo, para que vissem um homem tocando o corpo de uma mulher. A minha forma de protesto, antes dessa invasão, desse abuso, foi ficar sem camisa, com meus seios de fora. Isso foi a minha forma de gritar”, disse.
“Rapidamente eles resolveram o ‘problema’, né? Eles queriam que fosse dentro de uma cabine, que ninguém tivesse visto aquela cena. Foi muito violento (…), eu fui tratada como uma criminosa, como alguém que não tinha direito de escolher o procedimento que fosse acontecer, como alguém sem direitos. Todo esse preconceito começa pelo fato de eles selecionarem a pessoa do nada, eles não estavam pedindo o documento de ninguém, eles pediram o meu”, declarou.
A vocalista da banda afirmou que vai tomar as providências necessárias. “Eu estava sofrendo constrangimento por parte das pessoas que estavam trabalhando lá, fazendo gracinha com a minha cara, algumas mulheres cis fazendo chacota. Marcando esse último show com um acontecimento muito violento comigo, com meu corpo, com a minha vida, com a minha existência. Eu vou tomar as providências dentro da lei, fiquem em paz.”
Segundo o site da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a revista física é realizada por um agente do mesmo sexo, independentemente do acionamento do detector de metais, e pode ocorrer em local público ou reservado, a critério do passageiro, e com presença de testemunha.
O Catraca Livre tentou entrar em contato com a assessoria da Polícia Federal, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
- A informação é a melhor arma contra o preconceito. Por isso, criamos um manual anti-transfobia com dicas práticas para falar sobre questões de gênero de forma respeitosa. Veja aqui.
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