Cantor negro em carro de luxo é abordado com arma na cara pela PM
PMs só foram embora depois de checar o porta-malas do veículo e constatar que ele não tinha passagem pela polícia
A abordagem violenta da Polícia Militar contra negros ganhou mais um capítulo na quinta-feira, 27. O cantor lírico Jean Willian foi abordado com arma apontada para a cara quando fazia a travessia de balsas entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo.
Ele teve que explicar se o carro em que estava, um Jeep Renegade, era dele. Ainda teve que responder se estaria levando drogas dentro do veículo.
“Disseram que o carro era dirigido por um indivíduo suspeito e que receberam uma denúncia, enquanto eu me dirigia até a vaga”, disse ele em um post no Instagram.
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Segundo Jean, os policiais só desistiram da abordagem após perguntar a profissão do músico, verificar os documentos e abrir o porta-malas. “Ao verem que eu não era um bandido e nem havia passagem criminal, saíram com cara de frustração e me permitiram seguir a viagem.”
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Racismo estrutural
Em suas redes sociais, o tenor falou sobre o racismo estrutural e o sistema que as pessoas acreditarem que um carro carro de alto padrão dirigido por um homem negro só pode ser roubado.
“É óbvio que eu entendo os desafios de ser um funcionário da segurança pública, os desafios, a exposição e eu respeito e admiro profundamente, TODO TRABALHADOR merece respeito. A questão é essa estrutura que leva a ações extremas engatilhadas por um sistema estruturado na distinção pela cor da pele. São tentáculos da perpetuação do preconceito e precisam ser exterminados”, escreveu.
Jean William entrou em contato com o ouvidor da Polícia Militar, para que o caso seja averiguado.
Racismo – como denunciar?
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado.
A denúncia pode ser feita em delegacias comuns e naquelas especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) cumprem essa função.
Atualmente, o Decradi está vinculado ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em São Paulo, e ao Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil, além de estar inserida no programa Delegacia Legal, no Rio.
Em outros estados, existem delegacias especializadas em crimes cometidos em meio eletrônico, que podem ser acionadas em situações de injúria racial virtual.
Também existe o Disque 100, que é um serviço do Governo Federal para receber denúncias de violações de direitos humanos.
O serviço também aceita denúncias online de discriminação ocorrida em material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de ideias ou teorias racistas disseminadas pela internet.