Cantoras doam 30% de músicas em ação contra desigualdade salarial
As artistas Valesca Popozuda, Daniela Mercury e Tiê participam da campanha #MaisQue70
As cantoras Valesca Popozuda, Daniela Mercury e Tiê aderiram à campanha #MaisQue70, lançada pela ONG AzMina para protestar contra a desigualdade salarial entre os gêneros. De acordo com pesquisa da Catho, hoje as mulheres no Brasil têm salários, em média, 30% mais baixos do que os homens.
Na ação, as artistas reproduzem apenas 70% do conteúdo de suas músicas em diversos canais (TV, rádio, YouTube, redes sociais e Spotify). Em seguida, divulgam uma mensagem explicando que estão doando 30% do tempo da canção como forma de protestar contra a diferença salarial.
A campanha deve ter a adesão de diversas cantoras brasileiras nas próximas semanas. Em todos os casos, as artistas estão doando 30% do tempo de veiculação de suas músicas para a iniciativa, com o intuito de reforçar que se as mulheres só recebem 70% do salário dos homens, deveriam trabalhar 30% a menos do que eles.
Na ação, as cantoras também divulgam a campanha #MaisQue70 em suas redes sociais, estimulando que as mulheres utilizem um filtro criado especialmente para a ação e que pode ser acessado neste link.
“Para termos uma real mudança no cenário de disparidade salarial que vemos hoje, é preciso dar a devida importância ao tema. Com o apoio de mulheres de peso na música brasileira, esperamos que as pessoas se sintam instigadas e procurem saber mais sobre o tema”, afirma Nana Queiroz, diretora-executiva da Revista AzMina.
Para reforçar a iniciativa, a revista AzMina tem divulgado uma série de reportagens especiais sobre diferença salarial. Confira aqui.
- Só em 2111: a diferença entre os salários de homens e mulheres no Brasil só será equiparada em quase um século, de acordo com o Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016. Leia o texto na íntegra
A desigualdade em números
Atualmente, as mulheres ganham em média 30% a menos do que os homens e, segundo o mais recente Relatório Global de Desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial, serão necessários mais 170 anos para colocar fim à desigualdade de gêneros no aspecto econômico.
Desde 2015, houve um retrocesso de 52 anos na estimativa apresentada no Fórum. Em vários países, houve desaceleração, pausa e até reversão nesse processo de combate à desigualdade de oportunidades econômicas para homens e mulheres.
Além disso, a participação econômica e as oportunidades das mulheres equivalem a menos de dois terços das dos homens. Um retrato dessa realidade está no fato de que da lista de 500 maiores empresas do mundo, divulgada pela revista Fortune, apenas 3% apresentam mulheres no comando.
No ranking de desigualdade de gênero divulgado também pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 79ª posição entre os 144 países avaliados – sendo o pior colocado entre as grandes economias da América Latina.
Assista aos vídeos: