Cesare Battisti será trazido ao Brasil antes de ser extraditado

Decisão foi tomada após reunião emergencial entre Bolsonaro e os ministros Sérgio Moro, Augusto Heleno e Ernesto Araújo

13/01/2019 12:10

O presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião de emergência neste domingo, 13, para discutir caminhos para um eventual retorno do italiano Cesare Battisti ao Brasil antes de ser extraditado à Itália. Segundo o general Augusto Heleno, Battisti será trazido ao Brasil numa aeronave nacional e, depois, seguirá para a Itália.

O italiano Cesare Battisti, que estava foragido e foi preso na Bolívia
O italiano Cesare Battisti, que estava foragido e foi preso na Bolívia - Divulgação/Polícia da Itália

Battisti estava foragido desde dezembro e foi preso na Bolívia, em Santa Cruz de la Sierra, neste domingo, numa cooperação entre aquele país, o Brasil e a Itália.

Segundo informações da “Folha”, participam da reunião, além do presidente, os ministros Ernesto Araújo (Relações Exeriores), Sérgio Moro (Justiça) e o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Em nota conjunta, divulgada mais cedo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores disseram que estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com o governo da Bolívia e o da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas.

A avaliação de que o italiano deveria vir primeiro para o Brasil era, segundo a “Folha”, um posicionamento conjunto do governo, já que não haveria acordo de extradição entre a Bolívia e a Itália.

Battisti foi encontrado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pela Interpol.

Avião

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, informou mais cedo que um avião do governo italiano está a caminho da Bolívia para buscar Cesare Battisti. Segundo o premiê, o avião pousará por volta das 14h, no horário de Brasília.

“Um de nossos aviões está viajando para a Bolívia, onde pousará por volta das 17h (horário da Itália), com o objetivo de tomar Battisti e trazê-lo de volta para a Itália. Esperando por ele aqui teremos nossas cadeias para expiar as sentenças de prisão perpétua que os tribunais italianos infligiram na época com sentenças proferidas em julgamento, certamente não por causa de suas ideias políticas, mas pelos quatro crimes cometidos e pelos vários crimes relacionados à luta armada e ao terrorismo”, disse no Facebook.

O primeiro-ministro elogiou o esforço dos serviços de inteligência e as forças policiais italianas e a colaboração das autoridades brasileiras e bolivianas.

Foragido

Foragido desde dezembro, Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra por volta das 17h deste sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.

A extradição do italiano foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de dezembro do ano passado.

As autoridades avaliam se a extradição para a Itália será feita diretamente da Bolívia ou se Battisti será enviado para o Brasil e, assim ser encaminhado para a Europa.

Condenação

Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente. Para as autoridades brasileiras, ele é considerado terrorista.

No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo STF. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.

Nos últimos dias do governo Michel Temer, no entanto, o STF decidiu pela extradição. A medida já era defendida, ainda em campanha pelo atual presidente Jair Bolsonaro.