Ciro no JN: ‘Lula não é um satanás nem um deus’

Candidato defendeu também seu programa mais popular, o Nome Limpo, dizendo que vai ajudar a tirar endividados do SPC

27/08/2018 22:21 / Atualizado em 05/05/2020 11:46

Ciro Gomes (PDT) abriu a série de entrevistas com os presidenciáveis no “Jornal Nacional” na noite desta segunda, 27, se apresentando como um homem experiente. Defendeu seu projeto mais popular, o Nome Limpo, que pretende refinanciar a dívida de 63 milhões de brasileiros com nome no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). O candidato também falou sobre corrupção, governabilidade, segurança pública, o ex-presidente Lula e a escolha de sua vice, Kátia Abreu.

Ciro Gomes, Renata Vasconellos e William Bonner no Jornal Nacional
Ciro Gomes, Renata Vasconellos e William Bonner no Jornal Nacional - Reprodução/Twitter

A respeito da Lava Jato, ele manteve a afirmação de que a operação tem de ser “equilibrada” e lembrou que, apesar de haver várias investigações envolvendo políticos do PSDB, ninguém do partido foi preso. Comentou também sobre o vaivém de decisões judiciais sobre a soltura e a manutenção do ex-presidente Lula na cadeia, em julho. “Se a lei é a mesma, não pode um juiz mandar prender e outro mandar soltar”.

Ciro também acenou a petistas: “Para mim, Lula não é um satanás, como certos setores da imprensa e da opinião brasileira pensam, nem um anjo, um deus, como certos setores metidos a religiosos do PT pensam”. Afirmou que o ex-presidente fez “muita coisa boa”, que o desemprego era menor, e a situação econômica, também, e ponderou: “Com a Dilma tudo isso foi perdido, mas isso não quer dizer que temos que rasgar a história nem comemorar o fato de ter o maior líder popular do país preso”.

Ao ser confrontado com uma afirmação sua de que botaria “a mão no fogo” pelo presidente de seu partido, Carlos Lupi, e que ele teria “o cargo que quisesse” caso seja eleito, Ciro disse que Lupi tem sua “confiança cega”. Ao ser comparado com a forma como se refere ao presidente Michel Temer, afirmou queo peemedebista  “foi acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República por corrupção, não é o caso do Lupi”.

Questionado por William Bonner se soa como troca de favores afirmar ao povo que “vai tirar seu nome do SPC”, embora seu projeto Nome Limpo ofereça na verdade um refinanciamento da dívida, o candidato negou. “Eu digo é que vou ajudar a tirar seu nome do SPC”, e ressaltou que fará isso não por ser “bonzinho”, mas porque tem um “Projeto Nacional de Desenvolvimento que propõe respostas práticas de como ativar a economia e gerar emprego”.

Quando perguntado por Renata Vasconcellos sobre a escalada da violência no Ceará, governado por seu irmão Cid Gomes, Ciro disse que as políticas locais não estavam preparadas para lidar com facções criminosas que chegaram ao Ceará e que elas só serão combatidas com ações de inteligência do governo federal. Ao ouvir que essas propostas de federalização nunca saem do papel, rebateu: “Nunca saíram do papel porque eu nunca fui presidente. (…) Só quero uma chance”.

Ciro defendeu sua vice, Kátia Abreu, citada por Bonner como alguém que “defende teses que não são muito caras à esquerda”, como ser favorável ao armamento e contrária à demarcação de terras indígenas, e afirmou que nunca se apresentou como o candidato que “uniria as esquerdas”. “Kátia Abreu veio pra cá [para a chapa] não é porque é igual a mim, é porque é diferente. Veio porque é mulher,  séria, trabalhadora. Ela é uma pessoa que conhece a economia rural brasileira como poucos, votou contra o impeachment, votou contra o golpe, votou contra a reforma trabalhista selvagem que está destruindo a relação de trabalho no Brasil. Estamos de pleno acordo e nos completamos. Não parece Lula com Zé Alencar?”, comparou, ao citar o vice do petista.

O candidato também destacou a polarização que tem dividido o país entre “coxinhas”, pessoas identificadas com a direita, e “mortadelas”, os que se identificam com a esquerda, levando muitas vezes a situações violentas. “Precisamos encerrar essa luta odienta que está transformando em violência [a luta] entre coxinhas e mortadelas. O Brasil não aguenta mais isso, nossa nação está indo pro brejo. Precisamos fazer desta campanha nossa reunião dos brasileiros, isso é minha obsessão”.

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