GoT e The Handmaid’s Tale mostram lados diferentes do estupro
Texto escrito por Marcela De Mingo e publicado no Superela
Desde o começo, eu soube que Game of Thrones era uma série que abusava das cenas de nudez e de estupro, e não de uma forma “boa”. Apesar de não ser fã da série e não ter lido os livros, eu sei bem identificar quando uma produção faz uso desses tipos de cenas para chamar a atenção e a audiência e não para educar ninguém a respeito de uma causa.
Nesta semana, um texto de uma usuária do Facebook (você pode lê-lo clicando aqui) me chamou a atenção porque fazia um comparativo muito bom entre essas cenas em Game of Thrones e a série nova do Hulu, The Handmaid’s Tale. Lendo tudo o que Thaís escreveu e pesquisando mais sobre as duas tramas, percebi que também precisaria falar sobre isso porque os pontos que ela levanta são importantíssimos.
Vamos começar pelo básico: o que o feminismo defende, de novo e de novo, é que as mulheres sejam vistas iguais ao homens. Não melhores, nem piores, mas iguais. Isso implica que as suas dificuldades que as suas questões tenham igual importância ao do sexo oposto, o que não acontece agora. Além disso, indica também que a mulher deixará de ser vista como um objeto sexual perante os homens.
Dito isso, apesar de contar com personagens femininas muito fortes, Game Of Thrones é o tipo de série que faz uso dos elementos que o feminismo tem lutado contra. Apesar de produtores e atores defenderem a importância dessas cenas para começar uma discussão sobre o assunto, elas são usadas como pano de fundo: as mulheres que sofrem dessas violências não são afetas pelo que lhes ocorre, apesar desse comportamento ser condizente com a época medieval em que a série se passa.
Muitas dessas cenas não exploram a humanidade das mulheres: elas causam furor, polêmica nas redes sociais e chamam atenção (e audiência para a trama). Sophie Turner, que interpreta Sansa Stark, comentou depois da cena de estupro na temporada 5 que as pessoas que reclamavam que isso estava sendo colocado na televisão deveriam ‘se ferrar’, porque era importante para tirar o tabu do assunto.
Verdade, é necessário acabar com o tabu, mas de uma forma que ensine sobre porque essa violência é tão comum e os efeitos que ela têm na vida das pessoas. Game of Thrones tem o costume de mostrar que as mulheres fortes só se tornam fortes depois de sofrer uma violência sexual – como se isso fosse um pré-requisito. Fora que, apesar de ter tantas mulheres poderosas no elenco, parece não buscar uma profundidade nas personagens que vão além de algumas frases de efeito.
Isso é o contrário de conscientizar e incentivar uma discussão.
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