Conselho de Fonoaudiologia repudia cena de ‘O Sétimo Guardião’
Cena mostrou prostituta sendo curada de gagueira após sofrer violência de um homem
O Conselho Federal de Fonoaudiologia, o Crefono2 (Conselho Regional de Fonoaudiologia de São Paulo), e a AbraGagueira (Associação Brasileira de Gagueira) divulgaram no Facebook uma nota de repúdio à cena de “O Sétimo Guardião” – atual trama das 21h da Globo – na noite da última segunda-feira, 26.
Isso porque a trama de Aguinaldo Silva mostrou Stefania (Carol Duarte) sendo “curada” da gagueira ao ser estrangulada por Sampaio (Marcello Novaes) na cama.
Na sequência, a garota de programa foi confrontada pela cafetina Ondina (Ana Beatriz Nogueira) sobre a conversa com o agressor. “Ficou tão apavorada que ficou boa da gagueira”, disse.
Depois, a própria Stefania conversa em frente ao espelho e comemora a sua ‘nova’ condição. “O rato roeu a roupa do rei de Roma. Eu não errei nenhum erre. Eu tô curada”, disse ela.
Em comunicado, os órgãos não só criticaram o ‘corretivo’ exibido no folhetim, como também explicaram que existe tratamento para a gagueira.
“Apesar de sabermos que a obra é ficcional, a cena veiculada é bastante equivocada e desrespeita, de maneira irresponsável os sujeitos que apresentam gagueira (…). A gagueira tem tratamento e se feito de forma competente apresenta resultados extremamente promissores, minimizando danos emocionais e sociais. Nesse sentido, afirmamos: não se cura gagueira com susto ou violência e muito menos com agressão”, informou a nota.
O Crefono2 ainda apontou que a cena expõe essas pessoas à violência: “O resultado do estrangulamento apresentado pela novela não só atribui um sentido positivo ao crime de agressão, como também reforça fundamentos não científicos e expõe as pessoas com gagueira a graves situações de violência que, eventualmente, já podem ser vivenciadas no seu cotidiano. As pessoas com gagueira devem ser tratadas com respeito e não violência”.
Até a manhã desta terça-feira, 27, o post tem aproximadamente 4.700 compartilhamentos.
O órgão ainda pede uma explicação da Globo. “A Rede Globo utiliza uma concessão pública e deve agir com responsabilidade diante da sociedade civil. Iremos tomar medidas para exigir que seja feita uma retratação que possa minimizar esse grave equívoco”, completou.