Carro com coordenador da diversidade do Rio é alvo de ataques

02/04/2018 14:31 / Atualizado em 05/05/2020 10:09

Coordenador de diversidade sexual do Rio foi alvo de um atentado no último domingo, 01.
Coordenador de diversidade sexual do Rio foi alvo de um atentado no último domingo, 01.

O carro em que estava o coordenador Especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio de Janeiro, Nélio Georgini da Silva, foi alvo de um ataque a tiros na tarde do último domingo, 01, na zona norte da cidade, por volta das 14h30, entre os bairros de Benfica e Rocha.

Em pronunciamento, o coordenador declarou que teve o veículo perseguido pelos criminosos após deixar um restaurante onde estava com os pais e o marido.

“Saímos do restaurante, deixamos meus pais em casa. De repente veio uma moto. A moto foi nos seguindo, do meu lado [do banco do carona], com arma apontada, eu dando instruções porque meu marido não conhece a região. Aí viramos numa rua e ouvimos os tiros. Nenhum atingiu o carro, não sei o que atingiram. O barulho da moto, a arma em punho e o som do carro ficaram registrados na minha memória”, disse.

Filiado ao mesmo partido do prefeito Marcelo Crivella, PRB, Georgini assumiu a pasta em janeiro de 2017. Homossexual assumido, ele é evangélico e está casado há oito anos com o bancário Ronie Adams.

Em depoimento, o coordenador disse que nunca sofreu ameaças por causa de sua atuação na militância LGBT, e acredita que o ataque não tenha relação com seu trabalho. “Talvez estivesse no local errado na hora errada. De fato estão matando todo mundo no Rio”.

Nélio Georgini da Silva
Nélio Georgini da Silva

Nas redes sociais, Nélio voltou a se pronunciar sobre o ocorrido e aproveitou para criticar a intervenção federal no estado. “Seríamos outros para a estatística de uma cidade roubada, acabada, que vive da maquiagem de uma intervenção que até agora nem uma mosca prendeu! Não há um militar na zona norte!”, escreveu.

MARIELLE FRANCO

Embora o coordenador desacredite que o ataque sofrido possa ter alguma relação com sua militância e atuação em um assunto que está intrinsecamente ligado à defesa dos direitos humanos, o atentado arremete ao assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), no dia 14 de março.

Quinta vereadora mais votada da cidade, Marielle foi morta com a tiros, após um ataque ao carro em que se encontrava. Na ocasião, o motorista Anderson Gomes também veio a óbito em decorrência do crime.

A vereadora era conhecida por sua atuação em defesa dos direitos humanos e críticas à atuação violenta de alguns policiais militares nas favelas da capital fluminense. Poucos dias antes de ser assassinada, Marielle havia sido eleita relatora da Comissão que investigará a atuação do exército nas comunidades do Rio.

Marielle Franco assassinada no dia 14 de março
Marielle Franco assassinada no dia 14 de março - Reprodução / Facebook

Leia também: