Criação de publicitário brasileiro sobre assédio encanta o mundo

#MyGameMyName, idealizado pela agência Africa, desafiou gamers a adotar apelidos femininos

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher nesta sexta-feira, compartilhamos uma das mais criativas publicidades sobre empoderamento feminino, ganhadora de vários prêmios internacionais.
Para destrinchar os bastidores dessa publicidade, convidamos Monique Lopes – grávida de uma mulher ( Manuela).
Monique desenvolve projetos de causas da agência África.

Para investigar essa possibilidade, a agência Africa lançou uma iniciativa inusitada. Desafiou youtubers de games brasileiros para jogarem uma partida com um nick ou apelido feminino, numa ação batizada de #MyGameMyName.

Catraca Livre criou o projeto Causando, apoiado pelo Instituto Carrefour, para mostrar como as marcas desenvolvem e assumem causas.

O que aconteceu foi a comprovação da tese. Os youtubers passaram pelas situações de assédio e opressão vivenciadas pelas jogadoras.

Frases como “Cala a boca, você é uma menina” e “Direitos das mulheres não existem” foram ouvidas aqui e acolá. Assim como “Seu lugar é na cozinha: fique lá” e “Sua puta”.

Iniciativa My Game My Name expõe o machismo e o assédio em jogos virtuais
Créditos: Divulgação/Africa
Iniciativa My Game My Name expõe o machismo e o assédio em jogos virtuais

Depois de sentirem na pele os efeitos de ser uma mulher, os gamers gravaram um vídeo. E enviaram um recado para os seus milhões de seguidores: a necessidade urgente de todos promoverem mais respeito e igualdade no mundo virtual.

A ONU Mulheres, agência das Nações Unidas para a igualdade de gênero e os direitos humanos das mulheres, também entrou nessa partida, em janeiro deste ano. Diante da necessidade de virar o jogo e promover mudanças dentro da indústria de games, anunciou seu apoio ao movimento #MyGameMyName.

Campanha idealizada pela Africa expõe assédio contra mulheres
Créditos: Divulgação/Africa
Campanha idealizada pela Africa expõe assédio contra mulheres

Com o apoio da ONU Mulheres, o objetivo do movimento, agora, é que a indústria de games se posicione em defesa das mulheres, mobilize-se para mudar esse cenário e estimule desenvolvedores de conteúdo para a criação de narrativas livres de machismo e racismo.

Isso inclui o incentivo à captação de recursos para entidades que atuam no enfrentamento da violência contra as mulheres.

“Precisamos concentrar esforços no mundo inteiro para reafirmar os direitos humanos das mulheres. Queremos promover um debate visando uma ampla mobilização social em torno do assédio contra mulheres na internet como um todo – não apenas nos jogos”, declarou Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.

“Para a Africa, a entrada da ONU Mulheres da campanha #MyGameMyName celebra a conquista de uma importante aliada na luta pela garantia de direitos de milhares de mulheres constantemente assediadas quando jogam online”, afirmou Sergio Gordilho, copresidente e CCO da Africa.

Tamanho do problema

O mercado de games ultrapassa a marca de US$ 143 bilhões. É uma indústria maior que Hollywood e tem quase metade de seu público (46%) formado por mulheres, segundo estudo Game Consumer Insights produzido pela Newzoo, empresa líder de inteligência de marketing para mercados globais de games, esportes e mobile.

Segundo estudo da Universidade Estadual de Ohio, 100% das mulheres que jogam games por pelo menos 22 horas semanais já sofreram algum tipo de assédio.

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