Crianças detidas choram desesperadamente e dormem em gaiolas

Nesta terça-feira, 20, Dia Mundial dos Refugiados, centenas de crianças permanecem detidas dentro de um armazém no sul do Texas, nos Estados Unidos.

Na internet, fotos e áudios denunciam a situação de dezenas de imigrantes separados dos pais em pequenas celas, com garrafas de água, sacos de batata frita e grandes folhas de papel, improvisadas como cobertores.

Entre os relatos que ganharam repercussão mundial nos últimos dias, uma adolescente revelou a uma defensora pública que ajudou a cuidar uma criança separada de sua tia. Na ocasião, ela precisou usar seu celular para ensinar outras crianças, com quem dividia a cela, a trocar fralda.

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Segundo relatos de jornalistas que estiveram no local,  cerca de 1.100 pessoas encontram-se dentro da instalação dividida em alas para crianças desacompanhadas, adultos sozinhos e mães e pais com filhos. As gaiolas de cada ala têm acessos a áreas comuns e banheiros químicos.

Além disso, um informe divulgado pela Patrulha da Fronteira revelou que cerca de 500 menores estão acompanhados pelos pais, enquanto outros 200 estão sozinhos. Desde que o secretário de Justiça, Jeff Sessions, anunciou a nova política de tolerância zero, cerca de 2.300 crianças foram  afastadas de seus pais.

A decisão gerou uma série de críticas de líderes religiosos e de grupos de direitos humanos, que consideraram a nova política de imigração desumana.

Orquestra de choros

Em meio à série de denúncias contra as autoridades norte-americanas, chama atenção o fato revelado pelo site de notícias ProPublica, que divulgou uma gravação do desespero das crianças separadas de seus pais. “Não quero que prendam meu papai, não quero que o deportem”, diz uma menina. “Não quero me separar do papai”, murmura outra. Diante da cena, um guarda ironiza a situação:  “temos uma orquestra, só falta o maestro”.

Em um dos muitos vídeos que registraram as condições no Texas, uma menina salvadorenha de seis anos suplica pela presença de sua tia: “Posso ir com a minha tia, pelo menos?! Tenho o número (de telefone) dela. Minha mamãe virá me pegar quando eu for com a minha tia”.   O áudio foi gravado na semana passada por uma pessoa que pediu para não seridentificada.

Em entrevista ao site Propublica, a tia da menina revelou que este foi  “momento mais difícil” de sua vida. “Imagine receber um telefonema de sua sobrinha de seis anos que está chorando e pede para você buscá-la. Ela promete se comportar e pede, ‘por favor, me tire daqui, estou completamente só’”.  A mãe da criança foi levada a um centro de detenção em Port Isabel, Texas, e segundo a tia não pôde falar com a filha.

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