Curso virtual conta a história e analisa projetos da arte urbana

Por: Catraca Livre
Curso virtual “Arte Urbana e Ativismo: transformando espaços públicos através da arte” conta com dez aulas online sobre o tema.

Do nosso parceiro Portal Aprendiz.

Em meio à repercussão da decisão do prefeito de São Paulo, João Doria Jr., de apagar pichações e grafites (considerados estragados) na capital paulista, surge um curso virtual voltado para a história da arte urbana, bem como para sua interação com o espaço público. 

O curso virtual Arte Urbana e Ativismo: transformando espaços públicos através da arte, lançado recentemente pela plataforma Saibalá em parceria com a Escola Cultura e Mercado, conta com dez aulas online para abordar o tema.

Em entrevista para o Portal Aprendiz, o curador Baixo Ribeiro, fundador da galeria Choque Cultural, introduz o curso dizendo que o espaço público é sempre dinâmico, nunca definido. “É um espaço de disputa permanente, construído pela coletividade, que decide se vai aceitar ou não uma determinada lei a ser cumprida naquele lugar”, diz.

O curso conta a história da arte urbana no Brasil e no mundo e analisa projetos artísticos que se relacionam com o desenvolvimento do espaço urbano. O grafite e a pichação, bem como as discussões existentes entre a arte e o vandalismo, também são temas abordados. 

A proposta busca traçar as conexões existentes entre arte e ocupação do espaço urbano. “Toda arte que é colocada no espaço público deve dialogar com a comunidade que usa o lugar. De alguma maneira ela precisa ser aceita por essa comunidade”, observa Ribeiro. 

Ribeiro diz que existem duas possibilidades de arte pública: a oficial e a não-oficial. Segundo o curador, a oficial pode ser exemplificada pelos monumentos colocados pela cidade que, como ele diz, “na maioria dos casos, com pouquíssimo diálogo com a comunidade, praticamente sem troca com as pessoas que ali vivem”.

“Toda arte que é colocada no espaço público deve dialogar com a comunidade que usa o lugar”, diz o curador Baixo Ribeiro.

Já a arte pública não-oficial, de acordo com Ribeiro, une uma série de intervenções provisórias, transitórias, diversas e efêmeras. “Esse tipo de arte não ficará no espaço público para sempre. Por isso, causa menos interferência na paisagem, e permite um diálogo mais aberto com a comunidade local. O tempo de permanência da obra indica se a população gostou ou não dela”, explica.

Para Ribeiro, do mesmo modo que um artista deve ter o direito de pintar um espaço público, a população também pode querer apagá-lo. Ele ainda dá sua opinião sobre a atitude de João Doria Jr. e diz que o combate à pichação e confinamento dos grafites em espaços delimitados fere o regulamento jurídico vigente na cidade. “Apagaram-se muitos desenhos sob a alegação de que havia pichações por cima dele. Se tratando de arte pública não-oficial, uma obra pronta não necessariamente limita as interferências posteriores. Só o artista pode dizer se a obra está danificada ou não”, diz.

Uma das funções da arte pública, de acordo com o curador, é criar um meio de expressão que abre diálogo com a população para aproximar as pessoas das discussões propostas pelas obras. Segundo ele, grafite, pichações, colagens, projeções e outras possibilidades artísticas que utilizam a paisagem urbana como superfície discutem os problemas do espaço urbano, como o excesso de muros, a prioridade que a segurança privada tem sobre a pública, e a propriedade privada e seus símbolos agressivos – como cercas eletrificadas e câmeras de vigilância.

Ribeiro diz que, tudo que cria uma suposta sensação de segurança para quem está dentro do privado, também causa insegurança para quem está no público. “A arte urbana geralmente está discutindo isso, indo contra essa sinalização. Ela pega o muro que indica uma agressão ao espaço público e o transforma em uma imagem oposta ao que realmente é, fazendo com que as pessoas o enxerguem como algo bom”, explica.

Curso online conta a história da arte urbana no Brasil e no mundo e analisa projetos artísticos que interagem com o espaço urbano.

Veja mais: