Deputado diz que criminalizar a homofobia levará à guerra santa
OPINIÃO: o que ele não sabe, ou finge não saber, é que os LGBTs já enfrentam uma guerra diária pela sobrevivência e não precisam de mais uma
Parte de uma das alas mais conservadoras do Congresso Nacional, o Deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA), que se declara como um “ex-homossexual”, resolveu opinar sobre a proposta de criminalização da homofobia, assunto que tem sido discutido nas últimas semanas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu sou ex-homossexual, então tenho convicção de que é possível viver respeitando uns aos outros. E por que que a gente vai aceitar que haja uma lei que vai estimular uma guerra? O que vai acontecer é uma guerra santa, tá entendendo?”, disse o deputado em entrevista ao UOL.
O que Isidório não sabe, ou finge não saber, é que os LGBTs já enfrentam uma guerra diária pela sobrevivência e não precisam de mais uma. O Brasil é o país que mais mata LGBTs em todo o mundo, à frente até mesmo de países que ainda consideram a homossexualidade um crime e a punem com pena de morte, como Irã, Iraque e Arábia Saudita.
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Qual o medo do deputado-pastor em tornar crime um preconceito? É simples: se a homofobia se tornar crime, é só não ser preconceituoso que nada acontece. Mas a ala religiosa do Congresso Nacional tem medo, e isso se esvai por todos os poros de pastores e religiosos que fazem questão de dissuadir seus seguidores a interpretarem passagens bíblicas de forma bastante seletiva.
Caso comece uma guerra santa, ela não será causada pelos LGBTs. Gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros são vítimas de um sistema excludente, que faz de tudo para interpretar de maneira torpe um livro sagrado, mas esquece-se de uma das principais passagens: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”.
Vamos, finalmente, agir como Jesus Cristo, e espalhar o amor por aí. Chega de guerras.