Dez militares envolvidos em morte de músico no RJ são presos

Inicialmente, militares alegaram que agentes haviam respondido a "injusta agressão" da família que ia a um chá de bebê

Dez dos 12 militares envolvidos na ação que matou o músico Evaldo dos Santos Rosa em Guadalupe, zona norte do Rio, no último domingo, 7, foram presos na manhã desta segunda-feira, 8. A informação foi anunciada pelo Comando Militar do Leste (CML). No episódio, o carro onde estava a família foi fuzilado com mais de 80 tiros – segundo a Polícia Civil, tudo indica que o veículo foi confundido com criminosos.

Em meio à repercussão de mais um caso envolvendo morte de inocentes nas mãos do Estado no RJ, o Comando Militar Leste acusou os ocupantes do carro – duas mulheres, uma criança de sete anos, um homem identificado como Sérgio, também baleado, além de Evaldo morto na hora – de trocarem tiros com os soldados. E que, por isso, os agentes haviam respondido apenas a uma “injusta agressão” de criminosos.

Já na manhã desta segunda, o CML alegou ter identificado “inconsistências” entre os fatos reportados pelos militares e que, por isso, acabaram afastados. Os responsáveis foram ouvidos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar, onde o caso está sendo apurado.

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Carro foi alveado por mais de 80 tiros em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro, no último domingo, 7
Créditos: RecordTV/Reprodução
Carro foi alveado por mais de 80 tiros em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro, no último domingo, 7

Família ia a chá de bebê 

No carro, atingido por mais de 80 disparos segundo perícia realizada pela Polícia Civil, estava a família de Evaldo que ia a um chá de bebê.

Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, morreu na hora. O sogro dele, Sérgio, foi baleado nos glúteos. Seu quadro era estável até a noite de domingo. A esposa, o filho de 7 anos e a amiga não se feriram. Um pedestre que passava no local também ficou ferido ao tentar ajudar. Ainda não há informações sobre seu estado de saúde.

Segundo o delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Divisão de Homicídios da Polícia Civil, há fortes indícios de que o carro foi confundido com o de criminosos.

Para Polícia Civil, militares podiam ser presos em flagrante 

Em entrevista à TV Globo, Leonardo Salgado, delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que esteve no local para realizar a perícia, disse que havia indícios para uma prisão em flagrante. “Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”.