Dia Mundial dos Animais de Rua: conheça os pets mais fofinhos adotados pela Catraca Livre

Adotar é mais que salvar uma vida, é construir uma relação emocional com nossos companheiros pets

03/04/2025 20:02

Em cada canto das cidades, cães e gatos vagam silenciosamente sem um lar, sem um dono, com olhares tristes e uma vida incerta. São pelo menos 30 milhões de animais nessa situação no Brasil, segundo uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Muitos, infelizmente, são destinados a viver assim até o fim da vida. Outros, no entanto, encontram um olhar gentil e conhecem o verdadeiro significado de pertencimento, tornando-se parte da família de alguém.

No dia 4 de abril, o Dia Mundial dos Animais de Rua, uma data que nos convida a refletir sobre as milhões de vidas abandonadas, a Catraca Livre levanta mais uma vez a bandeira da adoção e da proteção animal.

Pedimos aos colaboradores que contassem suas histórias de adoção para assim também incentivar nossos leitores a darem uma chance a um animalzinho abandonado. Entre os catraqueiros, temos verdadeiros guardiões, pais e mães de pet que conhecem o mais puro amor desses seres tão especiais. 

Silvia Melo (essa que vos escreve) – tutora do Michel e Amora

silvia michel e amora

“Começo pela minha história de adoção. Meus maiores companheiros de vida chegaram há cerca de oito anos, diretamente do telhado da redação da Catraca Livre. Uma gata deu à luz quatro filhotinhos ali, e toda a equipe se uniu para cuidar deles e garantir que sobrevivessem sem a mãezinha. Durante o dia, ficavam na redação sob os cuidados da equipe. À noite, revezávamos essa responsabilidade. Ao fim do expediente, lá seguiam eles de Uber para a casa de um de nós. No dia seguinte, voltavam para a redação. Várias madrugadas em claro para garantir que eles se alimentassem de duas em duas horas, muita preocupação, cansaço. Mas toda essa dedicação valeu a pena demais. Sobreviveram e levaram alegria para a redação por quase dois meses. Quando começaram a comer ração, dois desses gatinhos, Michelzinho e Amora, vieram fazer parte da minha família. E hoje os vejo exatamente assim: a MINHA família. Extremamente amorosos e inteligentes, me ensinam todos os dias sobre amor, paciência e parceria. Gatos são maravilhosos, só quem tem é quem sabe! Agradeço à vida (se não todos os dias, quase todos) por esses dois presentes, os melhores que eu poderia receber!”

Manoela Moura – tutora do Frederico

mano e frederico

“Quando o Frederico era apenas um filhotinho, foi abandonado na rua. No dia em que o adotamos, algumas crianças o jogavam para o alto e zombavam dele, como se fosse um brinquedo. Ele estava muito assustado e um pouco doentinho. Imediatamente o pegamos e o levamos para casa. No início, foi difícil: ele estava frágil e não sabíamos se conseguiria se recuperar. Mas, para nossa alegria, ele resistiu bravamente e hoje é o meu maior companheiro. Estamos juntos há 10 anos, e não sei o que seriam meus dias sem ele. Costumo dizer que o Fred é o gato capaz de encantar qualquer pessoa; ele foge de todos aqueles estereótipos que criaram sobre gatinhos. Ele é puro amor, extremamente inteligente e super carinhoso (chega a ser exagerado, kkk). Hoje, ele é até conhecido nas redes sociais como o “gatinho que traz presentes”, pois adora me trazer qualquer coisinha que chame sua atenção. Talvez ele pense que está me presenteando com plásticos e papéis velhos, mas, na verdade, ele me presenteia todos os dias apenas por existir.”

Bruna Guião – tutora do Panda

panda

“A adoção do Panda aconteceu em um momento muito significativo da minha vida. Ele chegou no dia do meu aniversário, em 2021, apenas dez dias após o falecimento da minha mãe. Naquele período tão difícil, a presença dele trouxe um conforto enorme. O Panda, com seu jeitinho carinhoso e seu amor por ficar no meu colo, se tornou um verdadeiro companheiro e ajudou a preencher um vazio que parecia impossível de amenizar.

Ele estava para adoção há mais de cinco meses, mas, por ser um gato idoso, ninguém o escolhia. Quando o vi, me apaixonei imediatamente e não pensei duas vezes. Hoje, não consigo imaginar minha vida sem ele.

Minha experiência só reforça a importância da adoção responsável. Há muitos animais esperando uma chance de serem amados, independentemente da idade ou aparência. Adotar é um ato de amor e transformação, tanto para o animal quanto para quem o recebe. Apoio completamente a adoção e espero que mais pessoas abram o coração para dar um lar a esses bichinhos que só querem amor e cuidado.”

Maurício Thomaz – tutor do Mozzarela

mozzarela e maurício

“Era auge da pandemia quando o Mozzarela chegou. Ficar sozinho em casa todo dia já estava insuportável, e o sonho de ter um cachorrinho foi colocado no papel e na prática. Conversei com esta pessoa maravilhosa que está escrevendo a matéria, a Silvia, e ela, que sempre foi muito ligada à causa animal, me indicou uma casa de adoção onde estava o Mozzarela (que até então tinha outro nome, Bob, mas Mozzarela é muito mais legal, diz aí?). Ele chegou todo peludinho, bem quietinho, até com um pouco de medo. Só de lembrar deste dia eu me emociono. Estava frio, era abril de 2021, eu o enrolei com um cobertorzinho (que ele tem até hoje) e o trouxe pro seu novo lar. A partir daí, a vida do Mozzarela mudou – e a minha, também! Eu, que sempre tive cachorro em casa na minha infância, agora tinha o primeiro que era ‘só meu’, inteiro de minha responsabilidade, e também o único que recebia todo o amor e carinho dele.

Não vou mentir aqui e dizer que é suuuper fácil ter cachorro morando sozinho. Não, gente. Não é! Você tem que levar passear ao menos 2x por dia, você tem que fazer um esforço de comprar uma ração adequada a ele, tem que vacinar, levar ao veterinário regularmente, nunca deixá-lo sozinho muito tempo. É bastante coisa envolvida. Quando eu via ‘pais de pet’ chamando-os de ‘filhos’, julgava demais. Hoje entendo um pouco. É uma responsa! Mas toda essa responsabilidade é 100% compensada pelo carinho que o Mozza tem por mim. Chegar em casa e ter ele balançando o rabinho e pulando nas minhas pernas de alegria… olha, difícil existir sensação mais gostosa que essa. Só de pensar que hoje em dia ele não está mais nas ruas, comendo resto de lixo, passando sede e sofrendo risco de vida… isso já me dá um quentinho no coração.

Hoje, exatos 4 anos após a adoção do Mozza, eu digo: ADOTEM! Tem muito cachorro e gato precisando de um lar, e comprar um pet, dar dinheiro para esse mercado, só estimula que cães como o Mozzarela permaneçam nas ruas, no frio, sem comida e sem amor. E isso não é justo! Afinal de contas… OLHA OS DENTINHOS DELEEEEEEE! É A COISA MAIS LINDA!”

Barbara – tutora do Visky 

Barbara e Visky

“Visky chegou aqui durante a pandemia, num momento em que a depressão tinha voltado. Ele era filhote de uma gatinha de rua cuidada pela vizinhança, e estavam buscando tutores para os filhotes. Assim que saiu da caixinha, ele subiu no meu colo e nunca mais saiu, como se estivéssemos destinados um ao outro. Era tão pequenininho que cabia na palma da mão.
A partir daí, meus dias se tornaram mais leves e divertidos, cheios de amor e cuidado de ambas as partes. Ele é um pouco bagunceiro e rebelde, mas também muito carinhoso e atento, ao contrário do que muita gente diz por aí, que gato é traiçoeiro. Inclusive, sempre que tem alguém doente, especialmente meus sobrinhos, ele está ali do ladinho, cuidando o tempo todo.
Adotar foi uma escolha muito importante para sair do estado em que eu me encontrava, e hoje vejo o quanto os bichinhos retribuem com amor.”

Allan Hipolito – tutor da Tubica

Tubica e família

“Adotamos a Tubica em 2018 em um abrigo de animais que resgatava os pets em situação de maus-tratos e abandono. No dia que fomos adotar ela era a cachorrinha mais triste no abrigo. Estava desnutrida, com sarna e tinha medo de se aproximar de qualquer pessoa. Quando eu olhei pra ela na hora eu vi alguém que precisava de carinho e de um lar, mesmo que ela não fosse a cachorra mais linda do mundo ela era a que mais precisava da gente. Ainda no dia da adoção ela veio pertinho de mim, se sentiu segura pra deitar no meu colo e dormiu. Naquele momento eu sabia que seríamos uma família, mas como ela tava precisando de cuidados, teve que ficar mais uma semana no abrigo até finalmente vir pra casa. Ela ganhou peso, tamanho, ficou uma cachorra saudável, feliz e extremamente amável. Destruiu tudo o que pode nos apartamentos que moramos ao longo dos anos, mas cachorro saudável é assim não é mesmo? É como ter uma criança em casa, e a bagunça é um sinal de que tudo tá correndo bem. Hoje, ela ganhou um irmão humano, mas segue sendo a nossa filhota primogênita e que dita muitas das dinâmicas das nossas vidas. E o legal passado esses 7 anos é descobrir que na verdade não era a Tubica que precisa da gente e sim a gente dela, afinal não existe carinho mais incrível que o de um cachorro com seus tutores.”

Wallace Leray – tutor do Raj e Guila

wallace e gatinhos

“Era maio de 2020, e fazia apenas cinco meses que eu e meu ex-marido havíamos nos mudado para uma nova casa no Sacomã. Durante uma conversa sobre nossa futura família, ele perguntou: “E se a gente adotar um gatinho?”. Nem precisei pensar muito para dizer que sim. Estávamos no início da pandemia de Covid-19, sem saber exatamente o que viria pela frente, mas uma companhia a mais naquele momento delicado parecia uma excelente ideia. Logo comecei a buscar locais de adoção e, em um grupo do Facebook, vi pela primeira vez meus filhos felinos. Foi amor à primeira vista. Inicialmente, adotaríamos apenas um, mas, como na publicação dizia que só seriam doados em pares, decidimos ficar com os dois.

Raj e Guila foram resgatados por uma moça muito gentil, que os encontrou, junto com os irmãozinhos, dentro de uma caixa em frente ao apartamento dela, no bairro de Santo Amaro. A ninhada tinha oito gatinhos, mas os dois sempre foram inseparáveis. Segundo a moça, eles até brincavam com os outros irmãos, mas a preferência era sempre um pelo outro.

Que sorte tivemos de recebê-los em nosso lar. Desde o momento em que pisaram com suas patinhas dentro de casa, tudo mudou – ficou mais feliz e colorido. Quem já cuidou de filhotes sabe quanta energia eles têm, e com Raj e Guila não foi diferente: era arte o dia inteiro. Escolhemos os nomes juntos: Raj, por seu pelo rajado e pelo significado de “príncipe”; e Guila, inspirada em uma personagem do anime Os Sete Pecados Capitais, que gostávamos muito. Tivemos um processo de muito cuidado no início, pois eles chegaram doentinhos, com os olhinhos mal conseguindo abrir. Chegamos até a dar leite para eles. Mas valeu cada esforço vê-los crescer saudáveis e felizes, cercados por amor.

Com o tempo, nossa conexão só se fortaleceu. Eles foram nosso porto seguro durante boa parte da pandemia. Quando parecia difícil seguir em frente, eram eles que nos lembravam como era bom estar vivos, sonhando novos horizontes e realizando nossos planos.

Eles viveram muitas coisas conosco, assim como nós vivemos muitas coisas com eles. No final de 2023, meu relacionamento com Danilo chegou ao fim, mas nossa relação como tutores permaneceu a mesma. Não seria justo para nenhum de nós ficarmos definitivamente separados. Então, assim como filhos de pais divorciados, optamos pela guarda compartilhada. Foi a melhor decisão que poderíamos tomar – afinal, o amor por eles sempre vai prevalecer.”

Neste 4 de abril, que tal abrir seu coração e considerar a adoção? Em abrigos, ONGs e pelas ruas, há milhares de cães e gatos esperando por uma chance de serem felizes. Se não puder adotar, há muitas formas de ajudar: doando ração, oferecendo lar temporário ou até mesmo compartilhando histórias de animais disponíveis para adoção. Pequenos gestos fazem grandes diferenças. Porque, no fim, salvar um animal de rua é muito mais do que dar um lar – é dar a ele o amor que sempre mereceu.