Diário de um jornalista duro indica o Catraca Livre

por Marcos Dávila, da Folha de S.Paulo

21/05/2012 08:47 / Atualizado em 04/05/2020 11:03

divulgaçãoRepórter conta como foi o desafio de curtir as atrações da cidade no fim de semana sem gastar mais de R$ 20 por dia
Repórter conta como foi o desafio de curtir as atrações da cidade no fim de semana sem gastar mais de R$ 20 por dia

No filme “Diário de um Jornalista Bêbado”, em cartaz, há uma citação de uma célebre frase do escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900): “Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada”. Assim como San Juan (capital de Porto Rico) nos anos 1950, na supracitada adaptação para o cinema do romance de Hunter S. Thompson, São Paulo parece invadida por uma onda de cinismo.

Este pobre jornalista que vos escreve recebeu a missão de passar um fim de semana na cidade mais cara do país gastando apenas R$ 20 por dia. O desafio era aproveitar o máximo das ofertas de lazer, cultura e gastronomia da capital, no sábado e no domingo, sem ultrapassar o limite diário proposto.

Será que o mico estampado no verso da nota amarela de R$ 20 queria dizer alguma coisa? Deixei de lado os misteriosos sinais do acaso e comecei a organizar a expedição.

O primeiro passo foi preparar a mochila. Sim, mochila. Com o orçamento previsto, deixe o carro na garagem e nem pense em pegar táxi. As opções válidas são sair a pé, de transporte público (não esqueça de levar seu Bilhete Único) e, para os mais aventureiros, de bicicleta. Caronas com amigos motorizados também são bem-vindas.

A mochila precisa ter uma garrafa de água, que pode ser abastecida nos bebedouros públicos, e um sanduíche reforçado ou uma fruta. Comer bem na cidade é de longe a parte mais dispendiosa do desafio. Por isso, se for passar o dia inteiro na rua, programe-se para fazer ao menos uma refeição em casa. Drinques, vinhos e cervejas estão fora de cogitação, a menos que consiga beber de graça em alguma “vernissage” ou boca-livre do gênero.

Entusiasmo e espírito de aventura não podem faltar na bagagem. Disposição é fundamental para enfrentar os atrasos e a lotação dos transportes públicos, além da fila em alguns programas gratuitos. Curiosidade é imprescindível para garimpar pérolas fora do centro expandido da cidade e dos shoppings.

Fique de olho nos guias culturais (como a seção “Grátis” do “Guia Folha”), em sites especializados (como o www.catracalivre.folha.uol.br) e nos eventos das redes sociais. Geralmente, as sugestões mais interessantes vêm do boca a boca.

Vencida a barreira da alimentação e do transporte, a cidade pode surpreender na oferta de programas de cultura e lazer gratuitos (ou quase). Em dois dias, consegui ir a três exposições, dois shows, um concerto, uma feira de rua e ao cinema. Essa foi a parte mais barata do roteiro e, voltando a Oscar Wilde, a mais valiosa. Confira a seguir o diário de um jornalista duro. Leia a matéria na íntegra

Marcos Dávila, vulgo Peri Pane, criou a performance Homem Refluxo (www.homemrefluxo.com), é integrante do quarteto Canções Velhas para Embrulhar Peixes e costuma caçar moedas na bolsa da mulher para completar a passagem da condução.