Dias antes de sair do governo, Bolsonaro ameaçou demitir Moro
Ex-ministro da Justiça disse que presidente advertiu que o demitiria caso não concordasse com substituição na Polícia Federal
Em uma reunião de ministros do governo que teria acontecido no dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou demitir Sergio Moro, então ministro da Justiça, caso não concordasse com a substituição do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Moro pediu demissão do cargo dois dias depois, em 24 do mesmo mês.
Essa informação foi dada, segundo o jornal “O Globo”, por Moro no depoimento concedido à Polícia Federal no último sábado, 2, em Curitiba.
Ainda de acordo com o ex-juiz, a reunião foi gravada em vídeo pela própria presidência da República. Desta forma, a alegação poderia ser comprovada pela PF.
O depoimento prolongou-se por aproximadamente oito horas. A perícia extraiu dados do celular do ex-ministro que são relevantes à investigação e o presidente disse que entregaria o vídeo da reunião.
A Saída de Moro
No dia 24 de abril, Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. O estopim da saída do ex-juiz do governo Bolsonaro foi a exoneração de Maurício Leite Valeixo do cargo de diretor-geral da PF (Polícia Federal), seu braço direito.
No discurso de demissão, o ex-juiz disparou contra o presidente pela interferência na Polícia Federal e disse que, quando foi convidado por Bolsonaro para assumir o cargo, foi “prometido carta branca para nomear todos os assessores, inclusive da PF.”
Sobre a exoneração de Valeixo, Moro disse que “não tinha causa para a substituição” e que “estava claro que o que estava acontecendo era indicação política”.
O ex-ministro afirmou que ficou sabendo hoje cedo da exoneração de seu braço direito e que Secom mentiu que ela tenha ocorrido a pedido de Valeixo. “Eu não assinei. Está claro que o presidente realmente me quer fora do cargo”, disse Moro sobre seu pedido de demissão.