Dimenstein: as dúvidas sobre o WhatsApp de Bolsonaro
Tenho absoluta certeza de que a reportagem da Folha mostrando os bastidores do uso do WhatsApp para disseminar mensagens a favor de Jair Bolsonaro é verdadeira.
Ao punir as agências acusadas na reportagem de disseminar centenas de milhões de mensagens, o WhatsApp endossou a investigação – e, assim, desautorizou as acusações de Fake News contra o jornal.
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Apenas minha experiência na Catraca Livre já me fez conhecer sobre o funcionamento das milícias digitais – uma parte delas até é voluntária, mas outra organizada e remunerada. Aqui na Catraca, como todos sabem, lançamos o #BolsonaroNão, fonte de inspiração para o #EleNão.
Sentimos na pele o que é enfrentar essas milícias, espalhando ofensas e mentiras.
Conheço o jornal nas suas entranhas, onde trabalhei por 25 anos. Posso garantir que a Folha é verdadeiramente apartidária e independente. Antes de uma reportagem desse impacto sair, a fonte é checada várias vezes.
A repórter responsável pela investigação – Patrícia Campos Mello – é uma excelente e experiente profissional. Jamais escreveria aquele texto sem ter certaza das fontes.
Claro que o PT fez muito barulho em torno da denúncia do Caixa 2 de Bolsonaro. Caiu como uma luva na sua narrativa – em parte correta – de que sua derrota se explica porque Bolsonaro usa e abusa das fake news, montado numa máquina de mentiras no WhatsApp.
Mas tecnicamente há dúvidas que mostram fragilidades. Isso porque faltou um elemento : algum sinal da existência de uma relação comercial entre empresários e agências que disseminam mensagens.
Justamente essas fragilidades deram munição a Bolsonaro e seus aliados exigirem provas ou indícios mais sólidos. Posam malandramente de vítimas de fake news.
A Folha, porém, prestou um bom serviço a levantar o assunto, trazendo dicas que certamente serão aproveitadas pelos jornalistas sérios.
O WhatsApp puniu as agências e ainda por cima anulou a conta de Flávio Bolsonaro.
Não tenho dúvidas de que, mais cedo ou mais tarde, essa história será contada inteira.
Nada disso, porém, impede que o Tribunal Superior Eleitoral deixe de investigar as empresas citadas na reportagem.
Nada disso também me impede de ter a certeza de que, em parte, o voto do eleitor foi vítima de uma fraude com a disseminação de fake news pelo WhatsApp.