Dimenstein: Bolsonaro vai virar BolsoDuro?
Na primeira entrevista depois de eleito, Jair Bolsonaro caminhou no sentido esperado pelos brasileiros responsáveis: comprometeu-se a defender a democracia e a liberdade de imprensa. O compromisso mereceu elogios aqui na Catraca Livre.
Não passaram 24 horas para o presidente eleito tornar seu compromisso nebuloso, ao se mostrar disposto a punir a Folha, acusando-a de promover Fake News.
Difícil saber o que ele classifica com Fake News. São as notícias que o desagradam? Quando ele fala de “Kit Gay”, mesmo depois de todas as reportagens desmentirem a afirmação, estaria disseminando a verdade?
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Afirmou que não daria ao jornal, um dos mais importantes do mundo, verbas publicitárias oficiais. Isso como se as verbas pudessem ser decididas não por critérios técnicos, mas ao sabor da vontade dos governantes para ajudar amigos e prejudicar os considerados inimigos.
Liberdade de imprensa significa a liberdade de investigar, de fiscalizar e de criticar. Não significa imunidade: existem leis para punir erros dos jornalistas.
Nas entrevistas de ontem, ele disse que “não houve ditadura” no Brasil e relativizou a censura dos meios de comunicação na época. Traduzindo: na era militar, vivíamos numa democracia. Mesmo sem eleições presidenciais?
Essas frases nos fazem perguntar se Bolsonaro corre o risco de virar um BolsoDuro – mistura de Bolsonaro com Maduro.
Afinal, a ditadura da Venezuela também se diz democracia e afirma atacar a imprensa para salvar o país de conspiradores e mentirosos.