Dimenstein: melhor votar nulo ou branco do que em Bolsonaro

Direitos humanos foram uma conquista da civilização diante dos horrores da guerra e das ditaduras nazista, fascista ou stalinista

14/10/2018 12:23

Entendo perfeitamente a rejeição ao PT e, por tabela, a Fernando Haddad. O partido afundou-se em esquemas de corrupção que levaram seu grande líder – Lula – para cadeia.

Ele não está preso por uma conspiração do Poder Judiciário, mas pelas evidências de uso irregular de recursos.
É uma fraude dizer que eleição sem Lula seja uma fraude.

O PT pode até não ser muito diferente de partidos como MDB ou PSDB, mas, neste momento, é quem está em foco por causa do segundo turno.

É lamentável que o partido não tenha feito nem sequer uma autocrítica de suas políticas que levaram a país a uma recessão gigantesca.

Também é lamentável a ausência de uma crítica à ditadura da Venezuela, responsável por um dos maiores desastres sociais da América do Sul, produzindo uma onda inusitada de refugiados.

Do outro lado, temos Bolsonaro: um militar reformado que passou a vida pregando a intolerância, que defende a tortura, a intervenção militar, a violência.

Some-se ao seu despreparo evidente, suas falas contra a comunidade LGBT, ativistas, mulheres. Há sólidas razões para suspeitar – ainda mais acompanhado de Mourão, seu vice – que, numa crise, Bolsonaro comece a pregar um golpe ou restringir as liberdades. É um fenômeno atual políticos se elegerem pelas normas democráticas e, depois, atacarem a democracia.

Bolsonaro vende a ideia de direitos humanos como se fosse proteção a bandidos – mas é o que lhe garante o direito de falar, de se organizar, de ir e vir, de ser igual diante da lei. Direitos humanos foram uma conquista da civilização diante dos horrores da guerra e das ditaduras nazista, fascista ou stalinista.

Até agora, o deputado foi um político da colisão. Estará preparado para o diálogo, que exige a arte da concessão?

Entre PT e Bolsonaro, não é uma escolha automática. Mas, se alguém não gosta do PT – e com boas razões – é ainda melhor votar branco e nulo do que em Bolsonaro.

Pelo menos não vai carregar na consciência o remorso de ter apoiado alguém que não preza pela liberdade e pela democracia.