Doria defende Escola Sem Partido: “Política não é pra criança”
O candidato à Prefeitura de São Paulo, João Doria, acredita que crianças não têm discernimento para entenderem sobre política. Ao contrário do que muitas escolas do exterior pregam, de que toda criança já deve ser educada como um cidadão pensante, Doria vai contra esta linha de pensamento.
“Nossos filhos não têm de ter educação política nas escolas. Uma criança de 6, 7 ou 8 anos não tem capacidade de decidir. Não pode ter política na escola”, disse o candidato num evento com sindicalistas da Força Sindical na Liberdade, região central da cidade.
O Escola Sem Partido, apesar do nome poder confundir a real intenção do projeto, vai contra a Constituição Federal que garante plena liberdade de expressão a todo cidadão, principalmente, aos professores em sala de aula.
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Além disso, o Escola Sem Partido defende uma sala de aula sem espaço para a discussão da cidadania, uma garantia que é estabelecida na Lei de Diretrizes de Bases da Educação (9.394/96).
Veja a opinião de alguns educadores sobre o assunto:
“O Escola Sem Partido quer evitar um pensamento crítico. Quer uma escola medíocre e conservadora. Este projeto afirma uma ideologia pautada em um fundamentalismo cristão evitado até pelo Papa Francisco, diante das possibilidades de um papado que sucedeu o ultraconservador Bento XVI”.
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
“Toda criança e adolescente tem direito a se apropriar da cultura e a ler o mundo de forma crítica. A educação escolar é uma atribuição do Estado brasileiro. E o cidadão brasileiro tem o direito de aprender o evolucionismo de Darwin, a história das grandes guerras, a luta pela abolição da escravatura no Brasil, a desigualdade entre as classes sociais. O Escola Sem Partido quer evitar um pensamento crítico. Quer uma escola medíocre e conservadora, com uma ideologia pautada em um fundamentalismo cristão evitado até pelo Papa Francisco”.
Sandra Unbehaum, doutora em educação e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas
“Como é que se desenvolve um pensamento crítico se não discutindo cidadania, política, filosofia, sociologia e história? Você não vai discutir política partidária, mas vai discutir num sentido amplo, de organização e composição da sociedade”.
Fernando Penna, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF)
“No site do movimento Escola sem Partido, é dito que o professor não é educador, e sim transmissor de conhecimento. É representado como sequestrador intelectual. E os alunos aparecem como se fossem folhas em branco, sem autonomia. No site, chega a falar em ‘síndrome de Estocolmo’, em que os alunos são vítimas de sequestro intelectual e doutrinados pelo professor”.