Durante o JN, Globo defende Miriam Leitão contra ataque de Bolsonaro

Globo desmente Bolsonaro mostrando que Miriam foi presa durante a Ditadura Militar, torturada e não participou da luta armada

19/07/2019 22:00

A edição do Jornal Nacional dessa noite, 19, foi encerrada com uma nota emitida pela Rede Globo e lida por Renata Vasconcellos em defesa da jornalista Miriam Leitão, mostrando que as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, em relação a profissional, não são verdadeiras.

A nota de repudio começa assim:

“O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta sexta-feira (19) um grupo de jornalistas estrangeiros para um café da manhã. Os jornalistas cobraram do presidente um comentário sobre o ato de intolerância de que foi vítima a jornalista Miriam Leitão, no fim de semana.

Miriam e o marido, Sérgio Abranches, participariam de uma feira literária em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em redes sociais, foi organizado um movimento de ataques e insultos à jornalista, cuja postura de absoluta independência foi tratada como um posicionamento político de esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro.

Em resposta aos correspondentes internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que sempre foi a favor da liberdade de imprensa e que críticas devem ser aceitas numa democracia.

Mas, depois, afirmou que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o país então.”

O posicionamento da emissora aparece no seguinte trecho:

“Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente.

Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda.

Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época.

Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor e esse relato consta dos autos para quem quiser pesquisar. A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias.”

A emissora também lembrou que durante o governo do PT, Miriam também foi atacada. “Esses insultos, no passado como agora, em sinais trocados, apenas demonstram a maior das virtudes de Miriam como profissional: a independência em relação a governos, sejam de esquerda ou de direita ou de qualquer tipo. A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do jornalismo profissional, e se solidariza com Miriam Leitão”.

“Uma solidariedade compartilhada por nós, seus colegas da TV Globo, da rádio CBN e do jornal ‘O Globo’.”, disse a Renata Vasconcellos
“Uma solidariedade compartilhada por nós, seus colegas da TV Globo, da rádio CBN e do jornal ‘O Globo’.”, disse a Renata Vasconcellos - Reprodução/ Jornal Nacional

Ao final, Renata Vasconcellos faz questão de frisar que a solidariedade é compartilhada por todos os colegas jornalistas da TV Globo, da rádio CBN e do jornal “O Globo”.