Eleitores de Bolsonaro ameaçam de morte professor em Natal

Aula de história terminou com homem ameaçado por partidário do PSL

06/10/2018 23:51

Eleitores de Bolsonaro ameaçam de morte professor em Natal
Eleitores de Bolsonaro ameaçam de morte professor em Natal - reprodução/Instagram

Eleitores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) ameaçaram de morte um professor de Natal. O ataque aconteceu após uma explicação do docente sobre a aplicação da Lei Rouanet, que foi vista como ato político pelo pai de um aluno.

Os estudantes de uma turma do primeiro ano do ensino médio do CEI Mirassol _uma das mais tradicionais escolas particulares da capital potiguar_ receberam em sala a coordenadora Ana Cristina Dias na manhã de sexta-feira (5). Ela interrompeu as atividades para perguntar se na aula anterior, de história, houve menções políticas a algum candidato.

Os alunos responderam negativamente, mas o caso ganhou repercussão e viralizou em grupos de WhatsApp. Em um áudio de mais de três minutos encaminhado a um grupo familiar, o professor de história Euclides Tavares contou, alarmado, que viu sua citação à Lei Rouanet em aula dedicada à história do cinema alvo de críticas dos seguidores de Bolsonaro.

Segundo relatos do professor e de um aluno, ele explicava por que símbolos de estatais como a Petrobras apareciam na abertura de filmes nacionais, indicando que se tratava de apoio por meio da Lei Rouanet. Ele mencionou os filmes “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, argumentando que o problema das drogas no Rio de Janeiro era causado pela falta de enfrentamento dos políticos.

Aula de história terminou com homem ameaçado por pai de aluno
Aula de história terminou com homem ameaçado por pai de aluno - reprodução/site da escola

“A coordenadora me chamou para perguntar o que houve, porque um pai ligou para dizer que eu estava fazendo discurso a favor de Lula e metendo o pau em Bolsonaro. Ele disse ‘resolva, resolva porque senão quem vai resolver sou eu. Vou aí com mais três pais armados e ele vai ver por que Bolsonaro é… pra ser presidente do Brasil’. E pá! Bateu o telefone”, disse Tavares. O professor afirmou que está estudando que providências tomará sobre o assunto.

Um aluno que estava na aula relatou que um colega abertamente pró-Bolsonaro já está sendo identificado como suspeito de ter acionado o pai e está enfrentando bullying. Já a escola confirmou a versão do professor de que não houve debate político em sala de aula. “Possivelmente foi um trote, mas temos que averiguar de verdade”, explicou Ana Cristina Dias.

Acompanhe outros conteúdos ligados às eleições deste ano nesta página especial