Empresária negra é acusada de furtar vestido em shopping no Rio

Ela levou um vestido na bolsa para encontrar outro do mesmo tamanho para a enteada

A empresária Juliane Ferraz, de 24 anos, foi acusada de furtar um vestido de R$ 25 que era dela. O caso de racismo aconteceu na última quinta-feira, 10, na Leader Magazine, do Norte Shopping, no Rio de Janeiro. Ela levou a peça de roupa para encontrar uma de tamanho semelhante.

“Eu fui lá ver um vestido para minha enteada. Como eu tinha levado um vestidinho de casa para medir o tamanho dela, porque sempre confundo, eu peguei o vestido que estava na minha bolsa, olhei e comparei com o vestido da arara”, contou em um vídeo que circula nas redes sociais. “Eu vi que não cabia, devolvi o vestido e ainda tive o cuidado de levantar minha bolsa bem no alto, pra câmera gravar bem eu devolvendo o vestido.”

Empresária levou um vestido na bolsa para encontrar outro do mesmo tamanho para a enteada
Créditos: Reprodução/Redes sociais
Empresária levou um vestido na bolsa para encontrar outro do mesmo tamanho para a enteada

Ela entrou em outra loja a procura do vestido e, ao sair, a empresária foi abordada por dois homens, o supervisor da loja e um segurança do shopping.

“Na mesma hora eu abri a bolsa e mostrei que o único vestido que eu tinha colocado na bolsa era o meu próprio vestido, que era listrado e colorido. E ele falou que eu tinha pego sim esse vestido branco, e que, de repente, eu esqueci de pagar”.

“Ele falou que estava filmado e nós fomos ver. Fomos caminhando, tinha um segurança do shopping acompanhando ele e, chegando perto da praça de alimentação, ele veio me mostrar o vídeo, que mostra claramente que eu peguei esse vestido, comparei com o meu e devolvi o meu para a sacola. Ele falou ‘é, realmente, desculpa’. Só que nesse momento o shopping inteiro já estava olhando pra mim. Eu falei que não aceitava as desculpas dele e ele falou ‘realmente eu fui despreparado na hora que te abordei’”.

Juliane denunciou o caso, registrado na 23ª DP como calúnia, e está nas mãos do Juizado Especial Criminal (Jecrim). O fiscal do demitido da loja.

Como denunciar racismo

Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.