‘Fui atingido’, disse empresário de Araçatuba antes de morrer
Renato Bortolucci, 38 anos, filmava a ação quando foi atingido na cabeça por um disparo
O empresário Renato Bortolucci, de 38 anos, é uma das vítimas do mega-assalto que aterrorizou moradores de Araçatuba na madrugada da última segunda-feira, 30.
Renato era dono de um posto de gasolina e filmava a ação dos bandidos quando foi atingido por um tiro. Antes de morrer, ele enviou um áudio por WhatsApp a um grupo de amigos.
As últimas notícias sobre o crime de Araçatuba
“Nossa, fui atingido, mano. Nossa senhora, meu Deus! Ai”, disse o empresário em suas últimas palavras.
O áudio foi obtido com exclusividade pelo jornalista Rodrigo Castro, do O Globo.
Segundo reportagem, a suspeita é de que Renato tenha sido atingido por um tiro de fuzil na cabeça enquanto grava a ação.
A polícia ainda não sabe se empresário foi surpreendido por um dos criminosos ou foi atingido por uma bala perdida.
Outras duas pessoas também morreram na ação. A outra era o personal trainer Márcio Victor Possa da Silva, de 34 anos. A terceira vítima seria um dos criminosos, que não teve a identidade revelada.
Aos menos cinco pessoas ficaram feridas, uma deles é um ciclista que teve os pés amputados pela explosão de uma bomba.
Araçatuba virou ‘campo minado’
Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) localizaram ao menos 93 explosivos deixados pela quadrilha que levou terror à Araçatuba.
Os artefatos foram encontrados nas ruas, carros abandonados entre as cidades de Gabriel Monteiro e Bilac e também em um caminhão deixado pelo grupo perto das agências bancárias que foram alvos dos criminosos.
Todo o material foi levado para um aterro sanitário de Araçatuba, onde foi detonado. detonação.
De acordo com o Gate, só nas ruas do Centro de Araçatuba foram localizados 32 explosivos. No caminhão deixado pelos criminosos havia 29 artefatos e 70 cartuchos de emulsão (material explosivo usado para a produção de bombas).
‘Terrorismo’ em Araçatuba
Segundo reportagem do G1, por causa da grande quantidade de explosivos usados pela quadrilha nos ataques a três agências bancárias em Araçatuba, a Polícia Federal pode investigar o caso como crime de terrorismo.
Entre ontem e hoje, a polícia apreendeu sete carros usados pelo bando. Um dos veículos estava adaptado transportar armas de calibre .50, capaz de derrubar helicópteros.
Os carros foram localizados em uma mata entre os municípios de Bilac e Gabriel Monteiro, próximo à Araçatuba.
No local, os policiais militares encontraram diversas munições de diferentes calibres, como .50, .762. e .556, além de “miguelitos” –artefatos de metal utilizados para furar pneus de veículos.
“Possivelmente, eles deixaram um calibre.50, que é uma arma de guerra, fixado em um tripé. O buraco serve para colocar o cano arma para o lado de fora. Os bandidos conseguem atirar de dentro do carro. Eles ficam protegidos porque o veículo é blindado”, disse capitão da PM Alexandre Tropaldi, ao G1.
Próximo ao pedágio da cidade de Glicério, os policiais encontraram um ônibus abandonado com galões de gasolina. A PM suspeita que o combustível tenha sido usado pelos criminosos para atear fogos em veículos na Rodovia Marechal Rondon durante a fuga.
A PM também encontrou drones usados pela quadrilha para monitorar toda a ação, tanto na chegada até a fuga pela zona rural da cidade.
O comércio da região central segue fechado e as aulas nas escolas das redes municipal e estadual de Araçatuba permanecem suspensas.
Suspeitos presos
Um suspeito de envolvimento nos ataque foi preso em Campinas (SP), a 450 quilômetros de distância do mega-assalto.
Até o momento, quatro pessoas foram detidas. Uma delas já foi liberada. Um casal segue preso.
A polícia estima que ao menos 20 bandidos participaram da ação em Araçatuba. Três pessoas morrem –dois eram moradores– e cinco ficaram feridas, um deles em estado grave depois que teve os pés amputados por explosão de bomba.