Empresários aliados de Bolsonaro defendem golpe caso Lula seja eleito

As declarações foram feitas num grupo de Whatsapp com Luciano Hang, Afrânio Barreira, do Coco Bambu, José Isaac Peres, da gigante de shoppings Multiplan

Empresários que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendem abertamente um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições de outubro. A informação foi divulgada pelo jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, nesta quarta feira.

Empresários aliados de Bolsonaro defendem golpe caso Lula seja eleito
Créditos: Agência Brasil/Antonio Cruz
Empresários aliados de Bolsonaro defendem golpe caso Lula seja eleito

No grupo de WhatsApp chamado “Empresários % Política”, que está sendo acompanhado há meses pela coluna de Amado, além dos aliados endinheirados de Bolsonaro defenderem explicitamente o golpe de estado, eles também trocam mensagens de ataques ao  (Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a quaisquer pessoas ou instituições que critiquem o atual governo.

De acordo com a coluna do portal Metrópoles, o grupo de Whatsapp tem entre seus membros:

  • Luciano Hang, dono da Havan
  • Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu
  • José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan
  • José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro
  • Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia
  • Marco Aurélio Raymundo, dono da marca de surfwear Mormaii
  • André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo

Foi no dia 31 de julho que o apoio a um golpe para impedir a posse de Lula, caso ele vança as eleições ficou explicito. O candidato petista é o hoje o mais bem colocado em todas as pesquisas eleitorais realizadas no país.

José Koury, dono do Barra Shopping abordou o tema dizendo que preferia uma ruptura à volta do PT ao poder. O empresário disse ainda que se o país voltar a ser uma ditadura, ainda receberia investimentos externos.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu Koury no grupo.

Veja abaixo diversas declarações feitas pelos empresários, logo após a mensagem de Koury, que foram obtidas pela coluna do portal Metrópoles.

“Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público” – Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia

“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro” – Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.

“O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. (Em) 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, publicou” – André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo.

“O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação” – José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan.

“Todo esse desserviço à democracia dos 3 ministros do TSE/STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral” – Meyer Nigri, fundador da Tecnisa.

“Bolsonaro não leva essa eleição de forma nenhuma com essa formação de TSE e essas urnas (…) Tem que intervir antes, esquecer o TSE, montar uma comissão eleitoral (como quase todos os países do mundo fazem), votação em papel e segue o jogo! Simples assim” – Vitor Odisio, coach, engenheiro e CEO da Thavi Construction, que se apresenta na internet como um empresário atuante nas regiões central e sul da Flórida.

Veja os posicionamentos dos empresário ao portal Metrópoles, após as mensagens nos grupos de Whatsapp.

José Koury disse que não defende um golpe, mas logo depois acabou confirmando que “talvez preferiria” a ruptura a uma volta do PT.

O dono da Mormaii defendeu um desfile militar pela importância simbólica e para mostrar de que lado as Forças Armadas estão, mas afirmou que não apoiará qualquer “ato ilegítimo, ilegal ou violento”. “Sem acesso ao conteúdo ou à matéria que referes, informo que não apoiei, não apoio e não apoiarei qualquer ato ilegítimo, ilegal ou violento, e destaco que uso de figuras de linguagem que não representam a conotação sugerida”, respondeu.

Meyer Nigri, da Tecnisa, disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu. “Isso não significa que eu falei ou concorde”, afirmou. “Já estou deixando claro que não afirmei nada disso. Só repassei um WhatsApp que recebi”.

Afrânio Barreira, do Coco Bambu, disse que desconhece ter apoiado um golpe de Estado ao responder com um gif de aplausos à mensagem Koury que iniciou o assunto no grupo. “Nunca me manifestei a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Fico surpreso com a alegação de que eu seria um apoiador de qualquer tipo de rompimento com o processo democrático, pois isso não corresponde com o meu pensamento e posicionamento”, afirmou.

A assessoria de imprensa do grupo Multiplan disse, em nota, que José Isaac Péres está viajando e, por isso, ele não responderia diretamente.

André Tissot, Carlos Molina, Ivan Wroble, Luciano Hang e Vitor Odisio não responderam aos questionamentos do portal Metrópoles.