Quais são as obras da mostra ‘Queermuseu’ suspensa pelo Santander

Com informações da Zero Hora

O cancelamento da exposição foi acusado de censura por muitas pessoas
Créditos: Fredy Vieira
O cancelamento da exposição foi acusado de censura por muitas pessoas

Nesta segunda-feira, dia 11, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o banco Santander foram acusados de censurar uma mostra sobre diversidade sexual. A exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” foi cancelada ontem após diversas manifestações nas redes sociais.

A mostra, que acontecia no Santander Cultural em Porto Alegre, foi inaugurada em 15 de agosto e reunia 270 trabalhos de 85 artistas. As obras visavam abordar a “diversidade de expressão de gênero” e questionar “o caráter patricarcal e heteronormativo das coleções de arte”.

As acusações que resultaram no fechamento da mostra são de que os trabalhos expostos faziam apologia à pedofilia e à zoofilia, além de desrespeitar símbolos de culto religioso.

A obra Cena de Interior II, tela da artista visual carioca Adriana Varejão pintada a óleo em 1994, foi acusada de zoofilia. Já a denúncia de profanação ocorreu sobre mais de uma obra, mas a mais citada é “Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva”, tela de 1996 do porto-alegrense Fernando Baril.

No entanto, a acusação que atinge a exposição no geral é a de pedofilia, sendo que Travesti da Lambada e Deusa das Águas e Adriano Bafônica e Luiz França de She-há, da cearense Bia Leite, são as mais contestadas.

“Travesti de lambada e deusa das águas”, de Bia Leite

Na imagem abaixo, da obra Cenas do Interior II, há cenas de sexo entre duas figuras femininas japonesas, uma japonesa e um negro, dois homens brancos e um negro e duas figuras masculinas brancas indistintas com uma cabra. Responsável pelo trabalho, Adriana Varejão ressalta que “busca jogar luz sobre coisas que muitas vezes existem escondidas” e que “Cenas do Interior II” é “uma obra adulta feita para adultos”.

“Cenas do Interior II”, de Adriana Varejão

A obra Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva foi acusada de desrespeitar a figura religiosa, pois Jesus crucificado aparece recebendo diversos braços extras, como a deusa hindu Shiva, ao lado de elementos da cultura ocidental e do consumo.

“Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva”, de Fernando Baril

A acusação mais grave é em relação à possível apologia a casos de pedofilia. Nas obras de Bia Leite, por exemplo, a artista se inspira em publicações do site “Criança Viada”, em que pessoas enviavam “fotografias antigas enquanto crianças que tinham traços/trejeitos não heteronormativos; com a intenção de celebrar esses traços, que durante toda a infância foram motivo de xingamentos e violência”.

Entenda

A exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” foi cancelada após diversas manifestações nas redes sociais, sendo o Movimento Brasil Livre (MBL) apontado como um dos principais grupos que articulou os protestos – taxados como censura por diversos internautas.

A mostra, que acontecia no Santander Cultural em Porto Alegre, foi inaugurada em 15 de agosto e reunia 270 trabalhos de 85 artistas, de acordo com o jornal Zero Hora.

“Algumas peças apresentadas na mostra revelam imagens que podem provocar um sentimento contrário daquilo que discutem. Porém, foram criadas justamente para nos fazer refletir sobre os desafios que devemos enfrentar em relação à questões de gênero, diversidade, violência entre outros”, afirmou o Santander Cultural em suas redes sociais no último dia 8.

Esta não foi a leitura de muitos internautas, especialmente os seguidores do Movimento Brasil Livre, que se posicionou contra a exposição. “O Santander cancelou uma amostra de ‘arte’ com material que contém pedofilia e zoofilia direcionado a publico escolar após pressão nas redes do MBL e de outros grupos de direita”, escreveu o grupo em sua página no Facebook.

Com a ajuda da campanha do MBL e da repercussão cada vez maior nas redes sociais, o Santander decidiu recuar e, no domingo, anunciou o cancelamento da exposição.

“Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra. O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia”, afirmou o espaço em sua página no Facebook.

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