Escola aplica prova com questões homofóbicas e gera revolta
O professor usou um livro como base para a prova que ensina como se deve tratar os gays e aponta como é feita a "cura gay"
Uma escola adventista de Belém do Pará gerou revolta entre pais e alunos ao aplicar uma prova de Língua Portuguesa com questões homofóbicas. A avaliação perguntava coisas como: “A bíblia condena a relação homossexual?”, “O homossexualismo tem perdão?” e foi ministrada para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. O tema foi um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta terça-feira, 19.
O maquiador Herisson Lopes, irmão de uma aluna da escola, que não teve o nome revelado por segurança, publicou em suas redes sociais, fotos da prova e destacou as perguntas com conteúdo homofóbico, viralizando o ocorrido.
A avaliação contêm 50 perguntas dissertativas, baseadas no livro De bem com você (Casa Publicadora Brasileira, 232p.), da pedagoga Sueli F. de Oliveira e do teólogo Marcos De Benedicto. A publicação sugere que homossexualidade “é fenômeno que se instala “em lares onde a figura do pai é fraca”, o que faz com que o menino seja “apassivado pela mãe”. A obra afirma ainda que “ser gay é uma escolha do indivíduo”.
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“Me preocupa que a escola esteja abordando a homossexualidade com esse viés no país que mais mata pessoas LGBT no mundo. A instituição pode não ter consciência disso mas, amanhã, o jovem exposto a esse conteúdo pode se transformar no homofóbico que agride gays”, afirmou o maquiador para o jornal ‘O Estado de Minas’.
“Além disso, a prova, que é de Português, não parece cumprir seu objetivo, pois não traz qualquer pergunta sobre regras gramaticais ou de concordância, por exemplo. Então ela soa mesmo como algo tendencioso, feito para disseminar crenças cheias de preconceito”, salientou Lopes.
O maquiador afirmou que está em contato com o Ministério Público para tomar as medidas legais cabíveis. O Supremo Tribunal Federal (STF) incluiu a homofobia entre os crimes de racismo, este ano, e quem for enquadrado nele pode pegar de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A direção da Colégio Adventista dos Correios se pronunciou em uma nota de esclarecimento publicada em seu site e redes sociais. De acordo com a escola, “as questões contidas no questionário tinham como objetivo colher as diversas opiniões e sentimentos sobre a temática em estudo e davam a cada estudante a oportunidade de expressar livremente sua opinião. Um livro serviu como auxílio na tarefa, o que ocorre em várias disciplinas”.
Leia a nota da escola na íntegra:
O Colégio Adventista de Correios esclarece alguns aspectos relacionados a uma notícia sobre uma atividade escolar:
1. As questões contidas no questionário tinham como objetivo colher as diversas opiniões e sentimentos sobre a temática em estudo e davam a cada estudante a oportunidade de expressar livremente sua opinião. Um livro serviu como auxílio na tarefa, o que ocorre em várias disciplinas.
2. A tarefa que o professor elegeu levou em conta o conhecimento prévio do aluno. E, com isso, procura proporcionar um debate qualificado a respeito do assunto. A ideia é a de formar um cidadão que respeita opiniões diversas, bem como seja capaz de pensar por si próprio sobre as temáticas apresentadas.
3. O Colégio afirma que, acima de tudo, respeita todos os indivíduos sem qualquer tipo de discriminação sexual, racial, religiosa, ou de outra natureza.
4. O Colégio, que é uma instituição confessional, é reconhecido pela confiança e credibilidade que transmite, especialmente por apresentar uma proposta educacional de alta qualidade, pautada em valores baseados na Bíblia e direcionada a promover o desenvolvimento harmonioso das faculdades físicas, intelectuais, espirituais e sociais de cada aluno.
5. O Colégio está e sempre esteve à disposição.
Saiba o que fazer e como denunciar casos de homofobia
Com uma morte a cada 23 horas de uma pessoa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis) e no topo do ranking de mortes de transexuais, é inegável que exista homofobia e transfobia no Brasil.
Esses números, que já são assustadores, podem ser ainda piores! Isso porque não há informações estatísticas governamentais sobre tais mortes e os dados são obtidos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
Em casos de homofobia em páginas da internet ou em redes sociais, é necessário que o usuário acesse o portal da Safernet e escolha o motivo da denúncia.
Feito isso, o próximo passo é enviar o link do site em que o crime foi cometido e resumir a denúncia. Aproveite e tire prints da tela para que você possa comprovar o crime. Depois disso, é gerado um número de protocolo para acompanhar o processo.
Há aplicativos que também auxiliam na denúncia de casos de homofobia. O Todxs é o primeiro aplicativo brasileiro que compila informações sobre a comunidade, como mapa da LGBTfobia, consulta de organizações de proteção e de leis que defendem a comunidade LGBT. Para mais informações, clique aqui.