Escritora quis engordar até pesar 262 kg após estupro coletivo

As informações são do UOL

30/11/2017 16:11

Roxane Gay é autora do livro “FOME – Uma autobiografia do (meu) corpo”
Roxane Gay é autora do livro “FOME – Uma autobiografia do (meu) corpo” - Jay Grabiec

“Minha vida se divide em duas: antes de engordar, depois de engordar. Antes de ser estuprada, depois de ser estuprada”, diz a norte-americana Roxane Gay, de 43 anos, em seu livro “FOME – Uma autobiografia do (meu) corpo” (Globo Livros).

Após ser vítima de um estupro coletivo aos 12 anos de idade, a escritora de 1,90 metro de altura fez de tudo para engordar e tornar seu corpo “indesejável” aos homens. Ela chegou a pesar 262 kg depois do trauma.

“Comecei a comer para mudar meu corpo, queria que ele se tornasse repulsivo, indesejável, queria construir uma fortaleza”, escreveu a autora no livro. O motivo? “Nunca mais ter os olhares, nem a atenção, dos homens. A vontade era poder manter os homens à distância. Não queria que nada nem ninguém me tocasse”, explicou.

Na época do abuso, um menino de quem Roxane gostava a levou para uma casa em uma floresta e a violentou sexualmente, junto com outros amigos. A culpa que sentiu diante do ocorrido a fez guardar o crime em segredo por mais de 30 anos.

Hoje, com 70 kg a menos, Roxane se tornou um importante nome do feminismo e uma ativista contra a gordofobia. Seu livro “Má Feminista” (Novo Século), lançado em 2014, é uma referência de empoderamento entre meninas. Ela também é colunista dos jornais “The New York Times” e “The Guardian”.

Em entrevista ao UOL, a escritora contou sobre como foi o processo para escancarar memórias e traumas de sua vida em seu livro. “Ao analisar meu passado, minha vida e meu corpo, percebi que, independentemente das falhas que tenho, estou fazendo o melhor que posso, e quando posso, por mim”, afirmou.

A norte-americana deixou ainda um recado para as mulheres que sofreram processos parecidos com os dela: “Se abram e conversem com alguém que você confie. Em ambos os casos, no abuso sexual ou na gordofobia, a culpa não é sua. Aliás, digo isso para mim mesma há muitos anos”.

Veja a entrevista na íntegra.

  • Leia mais: