Estudantes de direito culpam Tatiane Spitzner pela própria morte
A advogada morreu no dia 22 de julho e o marido, Luis Felipe Manvailer, é o principal acusado de ter cometido o crime
A morte da advogada Tatiane Spitzner que veio a óbito no dia 22 de julho após supostamente cair do quarto andar do prédio em que morava com o marido Luis Felipe Manvailer, suspeito de ter cometido o crime, foi sugerida como tema de aula na disciplina de direito penal por estudantes de uma faculdade de Cascavel, no oeste do Paraná, mas acabou virando polêmica após alguns formandos insinuarem que Tatiane é culpada pela própria morte.
Tudo começou quando um dos estudantes enviou o vídeo que mostra a advogada sendo violentamente agredida por Manvailer antes de morrer, para um grupo da sala em um aplicativo de mensagens, mas alguns comentários acabaram causando polêmica e perplexidade.
Em determinados pontos da conversa fica claro o machismo e misoginia, com sugestões de que Spitzner seria a responsável pela própria morte, pois “lugar de mulher não é no parapeito de uma sacada, mas sim rezando, limpando a casa ou cuidando das crianças”, diz uma das mensagens.
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Em outro ponto das conversas, um aluno sugere que feminicídio “não existe”. Mais um formando afirma que “se ela foi assassinada certeza que ela mereceu. Devia estar de saia curta demais”.
De acordo com informações do Portal R7, os responsáveis pelas mensagens podem ser acusados por apologia à conduta criminosa.
“Não se pode enaltecer a figura de um criminoso. Isso pode dar uma pena de três a seis meses de detenção caso seja comprovado que os estudantes estariam fazendo apologia ao crime”, afirmou a delegada Fernanda Lima.
ENTENDA O CASO
Tatiane Spitzner morreu na madrugada de 23 de julho, após supostamente cair do quarto andar do prédio em que morava com o marido, Luis Felipe Manvailer.
Minutos antes da queda da advogada, ela aparece nas câmeras de segurança do edifício sendo violentamente agredida pelo biólogo em pelo menos três ocasiões: dentro do carro, ainda fora do prédio; no estacionamento do condomínio, quando ela tenta fugir, mas não consegue; e dentro do elevador quando tenta mais uma vez se desvencilhar das garras de Luis Felipe, mas novamente é impedida.
Após o casal sair do elevador, não é mais possível ver o que acontece. Pouco tempo depois, Manvailer aparece sozinho nas imagens e sai do prédio para buscar o corpo desfalecido da esposa que já tinha caído.
Ele entra com Tatiane nos braços e a leva para o apartamento. Em seguida, ele troca de roupa e volta para limpar os vestígios de sangue de Spitzner que ficaram dentro do elevador. Depois disso, ele foge usando o carro da vítima, mas é preso horas mais tarde, em São Miguel do Iguaçu, a 340 km de Guarapuava, onde o crime aconteceu.
ASFIXIADA
Na manhã da segunda-feira, 6, O Ministério Público do Paraná (MP-PR) adiantou parte do resultado da perícia feita no corpo de Tatiane Spitzner, em que ficou constatado que a mesma teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura e apresentou marcas nas laterais do pescoço.
FEMINICÍDIO
Conforme a denúncia apresentada pelo MP-PR no início desta semana, Luis Felipe responderá pelo crime de homicídio com quatro qualificadoras – meio cruel, dificultar a defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio.
Ainda, o réu foi indiciado por fraude processual por alterar a cena do crime ao limpar os vestígios de sangue da vítima do elevador e por cárcere privado.
“Após a conclusão do presente feito investigatório, angariaram-se mais elementos que demonstram a necessidade da custódia cautelar do acusado, considerando-se que este dentou um comportamento extremamente agressivo e perigoso”, justificou o MP-PR ao pedir que Manvailer continue na cadeia.
“INOCENTE”
Em depoimento do acusado à polícia, ele se declarou “inocente”, afirmou que Tatiane se jogou do apartamento e diz que a “ama muito”.
“A imagem da minha esposa se jogando da sacada não sai da minha cabeça… Ainda fica martelando as imagens [dela se jogando] porque eu sou inocente, eu a amo muito”, declarou Luis Felipe.