Feminicídio: tio mata sobrinha por não concordar com namoro

O acusado foi autuado por homicídio doloso, quando há intenção de matar; a cada uma hora e meia uma mulher é assassinada pelo machismo no Brasil

Morreu no último domingo, 11, a estudante Hemilly Brenda Gonçalves de Oliveira, de apenas 14 anos. Ela foi espancada pelo tio, que não aceitava seu namoro com um homem mais velho e, supostamente, envolvido com o tráfico de drogas em Araraquara, no interior paulista.

Internada em estado grave na Santa Casa da cidade desde sábado, 10, a adolescente não resistiu aos ferimentos. Hemilly apresentava traumatismo craniano e foi submetida à cirurgia de recuperação.

Segundo informações da Polícia Civil, Hemilly saiu com um rapaz que, segundo a família, pretendia namorá-lo. O tio soube do ocorrido e foi à casa da jovem, que morava com os avós, convencido a dissuadi-la, justificando que o pretendente era traficante e “muito velho” para ela.

Em meio à discussão, Washington Manoel Gonçalves de Oliveira, de 27 anos, passou a agredi-la violentamente. Ele já havia sido denunciado por agressões à própria mãe e à esposa.

Prefeitura de Araraquara lamentou a morte da jovem: “Quando ainda reverberam as celebrações do Dia Internacional da Mulher, Araraquara registra o falecimento de Hemilly, vítima da violência que assola milhares de mulheres no nosso país.”

Acusado alega inocência

Capturado por policiais militares que o encontraram numa área de mata, próximo à cidade, Washington tentou resistir à prisão. O criminoso justificou a violência alegando que a sobrinha estava se envolvendo com uma pessoa de má índole. Disse ainda que apenas a empurrou – e que a vítima, por ser franzina, bateu a cabeça no chão ao cair.

Mãe do acusado desmente versão

Presente no momento da agressão, a avó da jovem, Cleusa de Jesus Oliveira, que tinha a guarda de Hemilly desde o nascimento, rejeita a acusação do filho: “Eu não sei se isso é verdade, ela não tinha me contado, mas o tio sempre teve muito ciúmes dela e foi batendo e jogando ela contra a parede”, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Cleusa ressalta também que o filho é muito violento e, que apesar de ter tentado impedir a agressão, não conseguiu evitá-la. Quando o marido chegou para socorrê-las, Hemilly já estava desmaiada. “Quando bebe, ele fica fora de si. Já tinha me batido e agrediu também a esposa dele. Eu consegui colocar ele na cadeia duas vezes, mas ele fica algumas semanas e sai”.

O acusado foi autuado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, qualificado pelo grau de parentesco, motivo fútil e por não dar chance de defesa à vítima. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi levado para o anexo de detenção provisória da Penitenciária de Araraquara. Hemilly foi velada na manhã da última segunda-feira, 12, no Velório Municipal de Araraquara.