Ex-coroinha acusa padre de estuprá-lo no Guarujá (SP)

Jovem afirma que mesmo após relatar o ocorrido, religioso permaneceu exercendo normalmente suas funções na Paróquia Senhor Bom Jesus

17/10/2019 08:00

Um jovem de 22 anos acusa um padre da igreja que frequentava quando era adolescente no Guarujá, no litoral de São Paulo, de estuprá-lo.

Em entrevista ao G1, o estudante Lucas Grudzien afirmou que os abusos sexuais ocorreram quando ele era coroinha na Paróquia Senhor Bom Jesus, na Vila Zilda. Na ocasião ele tinha 15 anos.

Jovem diz que padre se aproximou quando ele atuava como coroinha na igreja em Guarujá
Jovem diz que padre se aproximou quando ele atuava como coroinha na igreja em Guarujá - Arquivo pessoal

O jovem conta que sonhava em ser padre e que frequentava a igreja desde pequeno. “Fui batizado ainda bebê, com nove anos fiz a primeira comunhão e aos 12 anos comecei a fazer o curso para ser coroinha. Essa foi a época em que o padre Felipe [Edson Felipe Monteiro Gonzalez] se formou e passou a atuar na paróquia que eu frequentava”, diz.

O jovem relatou que foi ensinado a jamais contrariar o padre. “Sempre tinha que chamar de senhor, mesmo quando o ato acontecia”, diz. “Nesse (primeiro) dia ele colocou um filme. Pediu para eu sentar no sofá com ele e deitar a cabeça no colo dele. Levantou minha blusa e começou a passar a mão”.

De acordo com o estudante, após esse dia, a situação passou a se repetir e o padre chegou a estuprá-lo diversas vezes, de agosto de 2012, até dezembro de 2013. “Eu estava muito perdido, eu vinha para casa e quando tomava banho, via que minha cueca estava suja de sangue. Queria poder apagar tudo isso. Me sentia um lixo. É horrível”, desabafa.

Outro lado

A defesa do padre Edson Felipe Monteiro Gonzalez nega as acusações.

Em nota, a Diocese de Santos, responsável pelas paróquias da região, diz que o “padre foi afastado cautelarmente do exercício do ministério sacerdotal e que toda a documentação relativa à investigação prévia foi enviada à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, no dia 1º de novembro de 2016”.

Segundo Lucas, padre mantinha conversas com ele via WhatsApp — Foto: Segundo Lucas, padre mantinha conversas com ele via WhatsApp
Segundo Lucas, padre mantinha conversas com ele via WhatsApp — Foto: Segundo Lucas, padre mantinha conversas com ele via WhatsApp - Arquivo pessoal

A nota diz ainda que a “Congregação para a Doutrina da Fé decidiu dar sequência, com um processo penal administrativo, e encarregou ao bispo diocesano o ofício de instaurá-lo, conforme as normas do Direito Canônico (Cânon 1720). A conclusão do Processo Administrativo resultou na penalidade canônica de afastamento do exercício público do ministério sagrado por cinco anos (conforme Cân. 1336 § 1 n.2), quando, então, a Congregação para a Doutrina da Fé decidirá sobre os encaminhamentos seguintes e qual será a decisão final.

O inquérito policial instaurado pelo Ministério Público foi arquivado, sem oferecimento de denúncia. (…) Durante todo o tempo, desde a investigação prévia, o bispo diocesano esteve à disposição da família e de suas advogadas para esclarecer quaisquer eventuais dúvidas.

Atualmente, pe. Edson Felipe Monteiro Gonzalez realiza trabalhos técnicos, junto ao Depim (Departamento do Patrimônio Imobiliário da Diocese). O trabalho que realiza é pertinente com sua formação de arquiteto.”