Executivo da Pfizer confirma que Bolsonaro recusou 70 milhões de vacinas

Presidente tenta amenizar a situação compartilhando um pequeno trecho do depoimento de Carlos Murillo e colocando-o em seu favor

SETENTA milhões. Não, você não leu errado. Nesta quinta-feira, 13, durante a CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo durante a pandemia do novo coronavírus, o gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, confirmou em seu depoimento aos senadores que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recusou a oferta da empresa de 70 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech ao Brasil. Sendo que 1,5 milhão delas teriam sido entregues ao país no final de 2020.

Executivo da Pfizer confirma que Bolsonaro negou oferta de 70 milhões de doses da vacina
Créditos: reprodução
Executivo da Pfizer confirma que Bolsonaro negou oferta de 70 milhões de doses da vacina

O executivo, que era presidente da Pfizer no Brasil em 2020, afirmou que a primeira oferta de 70 milhões de doses foi feita em 14 agosto de 2020, e tinha prazo para resposta de 15 dias. O governo federal ignorou o prazo e a oferta expirou. Carlos Murillo disse que a segunda e a terceira ofertas de 70 milhões de doses foram feitas em 18 e 26 de agosto, respectivamente, e também não foram aceitas por Bolsonaro.

Todas as ofertas tinham cronograma de início da entrega em 2020. A terceira oferta, em 26 de agosto, previa a entrega de 1,5 milhão de doses ainda em dezembro do ano passado e mais 3 milhões no primeiro trimestre de 2021 — o resto seria entregue ao longo do ano.

Áudio de Wajngarten desmentindo seu depoimento na CPI da Covid viraliza

CPI da Covid: Renan Calheiros pede prisão em flagrante de Wajngarten

Segundo Murillo, não houve atrasos até agora no cronograma de entrega da empresa — ou seja, se o governo tivesse aceito alguma das propostas, as primeiras vacinas da Pfizer teriam chegado ao Brasil ainda em dezembro de 2020 e a vacinação poderia ter sido iniciada com um pedido de aprovação da Anvisa para uso emergencial do imunizante.

Após a confirmação ser feita na CPI e a notícia ter sido publicada nos meios de comunicação e viralizado nas redes sociais, o presidente Bolsonaro minimizou a fala do executivo da Pfizer e publicou um pequenino trecho do depoimento de Murillo, em que ele diz que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a ter o registro permanente da vacina da Pfizer. Mas, por algum motivo, Bolsonaro não quer que seu eleitorado saiba que ele recusou as 70 milhões de doses da vacina. Por que será?

View this post on Instagram

A post shared by Jair M. Bolsonaro (@jairmessiasbolsonaro)

Até o presente momento, o Brasil já contabiliza mais de 428 mil mortes pela covid-19 desde o início da pandemia, e mais de 15,4 milhões de casos confirmados. Sendo que esses números são subnotificados. Se Bolsonaro tivesse aceito a oferta da Pfizer no ano passado, e as primeiras doses desse acordo já tivesse chegado em solo nacional no final de 2020 e no início de 2021, quantas vidas brasileiras teriam sido poupadas? #ACulpaÉDele