Fafá de Belém opina sobre aborto no ‘Conversa com Bial’
Cantora comentou sobre a descriminalização da prática no dia que o assunto é votado na Argentina
Fafá de Belém comentou sobre a descriminalização do aborto, em entrevista ao “Conversa com Bial”, da TV Globo, na madrugada desta quarta-feira, 8.
Aos 62 anos de idade, a cantora se diz a favor não só do debate sobre o tema, mas também à prática, alegando que o mundo precisa evoluir para que as mulheres não precisem recorrer a clínicas clandestinas quando surge uma gravidez indesejada.
“A gente tem que descriminalizar. Nenhuma mulher faz um aborto porque quer. É doloroso quando é necessário por problemas de saúde. Logo após Mariana nascer, eu não tinha condições físicas de ter outro filho. Engravidei, perdi a criança e fiquei um mês muito mal. Imagina uma menina estuprada ou que não tem condição de ter um filho”, declarou.
A artista ainda argumentou sobre a importância de disseminar informações sobre o aborto: “Temos que conscientizar a prevenção e cuidar dessas meninas que fazem o aborto com agulha de tricô, com lavagem de pimenta. É preciso descriminalizar e ter um atendimento a elas. O atendimento hoje pós-aborto é muito maior do que se tivesse um preventivo”.
LEGALIZAÇÃO NA ARGENTINA
Justamente nesta quarta-feira, 8, o Senado da Argentina vota um projeto de lei para legalizar a prática do aborto no país. A discussão acontece um mês e meio depois de a Câmara aprovar a interrupção voluntária da gravidez. De acordo com os últimos levantamentos, os 72 senadores argentinos estão divididos, mas a tendência maior é a de rejeitar o texto.
De acordo com a Agência Brasil, o resultado deve sair nas primeiras horas da próxima quinta-feira, 9.
O Código Penal da Argentina autoriza a interrupção da gestação em três casos: risco de morte para a mulher, ameaça à saúde e gravidez resultante de estupro. De acordo com o Centro de Estudos do Estado e da Sociedade (Cedes) e a Rede de Acesso ao Aborto Seguro (Reddas), ocorrem de 370 mil a 520 mil abortos por ano no país.
Na América Central e do Sul, apenas Cuba, Uruguai, as Guianas e a Cidade do México descriminalizaram o aborto.
DROGAS
Durante o bate-papo, Fafá revelou que já usou cocaína. “Tive experiências, sempre fui muito curiosa. Um dia tinha um povo em casa, me olhei no espelho e me vi sendo tragada pelo que eu não queria. Falei ‘não quero mais’. Você não consegue parar. A decisão de parar tem que ser sua e da sua alma”, afirmou.
Ao ser questionada sobre as substâncias ilegais serem descriminalizadas também, a cantora foi direta: “É um grande comércio e um poder paralelo muito grande. Cigarro e álcool em excesso matam tanto quanto. A ilegalidade cria uma curiosidade entre os jovens. A gente tem que ter políticas públicas, fazendo como Amsterdam, que se tem uma cota para comprar”.