Fala de Bolsonaro em programa de Luciana Gimenez viraliza após JN

A apresentadora ressuscitou declaração do candidato em que ele disse que não contrataria um homem e uma mulher com o mesmo salário

Renata Vasconcellos citou fala de Jair Bolsonaro no programa comandado por Luciana Gimenez
Créditos: Reprodução/TVGlobo / RedeTV!
Renata Vasconcellos citou fala de Jair Bolsonaro no programa comandado por Luciana Gimenez

A entrevista do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) no Jornal Nacional da última terça-feira, 28, foi marcada pelo embate entre o presidenciável e a apresentadora Renata Vasconcellos.

Em determinada parte da entrevista ao vivo, os apresentadores do JN, William Bonner e Vasconcellos, questionaram o postulante ao Planalto sobre desigualdade salarial entre homens e mulheres, e citaram algumas falas do deputado sobre o assunto, como uma proferida pelo mesmo em bate-papo com Luciana Gimenez, no programa “SuperPop”, da RedeTV!.

“As mulheres ganham 25% menos que os homens. O senhor já afirmou que, se fosse empregador, não empregaria mulheres com os mesmos salários que os homens. Como explicar isso às mulheres?”, questionou a jornalista.

Em sua resposta, Jair Bolsonaro voltou a dizer que a igualdade salarial entre gêneros já está garantida na CLT e é responsabilidade do Ministério Público do Trabalho. Ainda, o candidato voltou a defender que o mercado não deve sofrer interferência do Estado.

Jair Bolsonaro foi o segundo candidato à presidência da República entrevistado no JN
Créditos: Reprodução/TVGlobo
Jair Bolsonaro foi o segundo candidato à presidência da República entrevistado no JN

Esse foi o mesmo posicionamento adotado por Bolsonaro no programa comandado por Luciana Gimenez, no dia 15 de fevereiro de 2016.

Na ocasião, ao ser questionado pela apresentadora se ele empregaria uma mulher com o mesmo salário que um homem, essa foi a resposta do deputado:

“Eu não empregaria [mulheres e homens] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”, afirmou o parlamentar, ao justificar sua posição sobre o assunto.

Veja a fala do parlamentar no vídeo abaixo a partir de 20 minutos e 30 segundos.

No Twitter, a própria Luciana Gimenez se manifestou ao ter seu programa citado no JN.

Licença-maternidade como “problema”

Essa, no entanto, não foi a primeira vez que Jair polemizou ao falar sobre o tema e citar a gravidez feminina como um “problema” para o empregador.

“Entre um homem e mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, 6 meses de licença-maternidade’. Quem que vai pagar a conta? O empregador. Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregador, falar que é injusto, que tem pagar salário igual”, disse o presidenciável ao jornal Zero Hora.

Desigualdade salarial entre homens e mulheres

Renata Vasconcellos questionou Jair Bolsonaro sobre a desigualdade de salário entre homens e mulheres
Créditos: Reprodução/TVGlobo
Renata Vasconcellos questionou Jair Bolsonaro sobre a desigualdade de salário entre homens e mulheres

Embora Jair Bolsonaro afirme que qualquer debate sobre a desigualdade salarial entre homens e mulheres seja uma questão já assegurada pela CLT e de incumbência do Ministério Público do Trabalho, a realidade é bem diferente.

Dados divulgados no Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016, do Fórum Econômico Mundial, apontou que a diferença entre os salários de homens e mulheres no Brasil só será realmente igual em 2111, ou seja, quase cem anos.

Entre os 144 países avaliados no relatório, o Brasil ocupa a 129ª posição — especialmente a respeito da igualdade de salário entre os gêneros. Os países com muitos casos de violência contra a mulher, como Irã e Arábia Saudita, estão em melhor posição na lista.

Segundo o texto, serão necessários 95 anos, caso o atual ritmo seja mantido, para equiparar as condições econômicas de homens e mulheres no Brasil. No entanto, incluindo política, educação e outras questões sociais, acabar com a desigualdade de gênero no país levará 104 anos. Já a taxa mundial chega a 170 anos.

O estudo também aponta que a presença de Dilma Rousseff no cargo de presidente fez o Brasil subir no ranking geral, passando da 85ª posição para a 79ª entre 2014 e 2015. No entanto, a classificação ainda é pior do que dez anos atrás, quando o Brasil estava na 67ª posição. Atualmente, o país está atrás dos 17 outros países latino-americanos.

“Casamento Bonner”

Jair Bolsonaro citou casamento de William Bonner com Fátima Bernardes
Créditos: Reprodução/TVGlobo
Jair Bolsonaro citou casamento de William Bonner com Fátima Bernardes

Em outro ponto da entrevista, dessa vez ao ser questionado sobre sua relação com Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda do Brasil, caso Bolsonaro seja eleito, o deputado usou a metáfora do matrimônio para exemplificar sua resposta e afirmou que, quando você casa com uma pessoa, você não pensa em deixar outra na “reserva”.

Ainda, o parlamentar citou o próprio casamento de William Bonner com a jornalista Fátima Bernardes. A analogia do político, no entanto, foi considerada imprópria para a ocasião.

Clique aqui para conferir a reação do público sobre esse assunto em particular. 

“Eu ajudo a pagar seu salário”

Renata Vasconcellos ressaltou que ajuda a pagar o salário de Bolsonaro; apresentadora ainda citou fala do candidato em entrevista à Luciana Gimenez
Créditos: Reprodução/TVGlobo
Renata Vasconcellos ressaltou que ajuda a pagar o salário de Bolsonaro; apresentadora ainda citou fala do candidato em entrevista à Luciana Gimenez

O embate mencionado nesta matéria entre Jair Bolsonaro e Renata Vasconcellos viralizou nas redes sociais e foi um dos assuntos mais comentados pelos internautas na noite da última terça-feira, 28, no Twitter.

Na ocasião, o candidato tentou reverter a pergunta feita pela jornalista sobre diferença de salários entre homens e mulheres, fazendo um parâmetro entre a apresentadora e seu companheiro de bancada, William Bonner.

Nesse momento, Renata se manifestou com a seguinte declaração: “Eu poderia, até como cidadã e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questões sobre os seus proventos. O senhor é um funcionário público, um deputado federal há 27 anos, e como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém, e eu posso garantir ao senhor que, como mulher, jamais eu aceitaria um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções”.

Veja a reação dos telespectadores que repercutiram o debate no Jornal Nacional no link abaixo.