Fantástico: Mensagens do celular de Dominguetti revelam negociações suspeitas de vacinas

4 novos nomes apareceram no caso, incluindo um coronel intitulado por Guerra; Os participantes das negociações suspeitas ainda não foram identificados

04/07/2021 23:25

Neste domingo, 4, o Fantástico mostrou mensagens obtidas do celular do empresário e PM, Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Ele seria o representante da companhia estadunidense Davati Medical Supply e depôs na CPI da Covid na última quinta-feira, 1º, depois de fazer denúncia à Folha de S.Paulo de um suposto esquema de corrupção que envolve o Ministério da Saúde, com proposta de propina do governo Bolsonaro de 1 dólar por dose de vacina.

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As mensagens no celular de Dominguetti mostram que a teia de relacionamentos no comércio paralelo de vacinas é maior do que já tinha sido descoberto anteriormente. Ele é indicado na matéria como suposto conhecido do Ministério da Saúde que tentou negociar a venda de vacinas como intermediário de uma empresa que o governo já comprou no passado.

“A nossa suspeita é que existia uma busca pela corrupção”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, ao Fantástico. Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, aponta a situação como incompetência e ainda criticou a qualidade das negociações, “com atravessadores e pedidos de propina”.

Pedido de Propina

Dominguetti virou pauta em vários veículos de notícias depois de denunciar o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, que teria negociado propina de um dólar por dose vacina com a Davati em um contrato de 400 milhões de unidades do imunizante Chadox, desenvolvido pela Universidade de Oxford com a AstraZeneca. A farmacêutica negou que a Davati esteja na lista de representantes  autorizadas para negociação das vacinas.

O PM também teve contato com o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, o veterinário Lauricio Monteiro Cruz nomeado por Eduardo Pazuello, com o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, e com o grupo evangélico Senah, liderado pelo reverendo Amilton Gomes.

Mensagens no celular

Ao ter acesso à perícia do celular de Dominguetti, o Fantástico conseguiu a informação de que ele negociava uma comissão de 25 centavos de dólar por dose, superior ao que foi dito na comissão. Nas conversas aparecem novos nomes: “Guilherme Odilon”, “Haroldo”, “Coronel Guerra” e “Serafim”. Todos estes citados são participantes das negociações suspeitas das vacinas. Até o momento, eles ainda não foram identificados.

Uma das mensagens do tal coronel Guerra diz: “Deixa eu sair do DOD. Não dá para usar telefone aqui”. DOD seria uma sigla em inglês para Departamento de Defesa.

Guerra seria a ponte direta com Herman Cardenas, dono da Davati. Em uma das trocas de mensagens, ele ainda dá a entender que Cardenas tinha reuniões diretas com a AstraZeneca, que nega envolvimento com a empresa dos Estados Unidos.

No dia 10 de fevereiro, Dominguetti enviou mensagem ao contato identificado como Guilherme Filho Odilon: “Estamos negociando algumas vacinas em números superior a 3 milhões de doses. Neste caso a comissão fica em 0,25 centavos de dólar por dose”.

E ainda explica: “O que estamos fazendo é pegar o volume da comissão e dividimos de forma igual a todos os envolvidos, claro que proporcionalmente aos grupos. Sendo três pessoas, eu, você e seu parceiro não teria objeções em avançar neste sentido”.

O material ainda está com a perícia, porém em análise preliminar já é possível identificar aproximadamente 900 caixas de diálogos nos aplicativos de mensagem.